Soavinski, amizades de uma vida

“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
(…)
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho….
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.

Fernando Pessoa

Elo foi para o outro lado do caminho. Amizades valem uma vida. Altivir José Soavinski tinha uma peculiar e verdadeira capacidade de constituir amizades. Possuía também notável e genuína preocupação em cativar, com companheirismo e lealdade, o enorme círculo de pessoas com as quais sempre foi fraternal e solidário.

A família Soavinski faz parte dos importantes capítulos da história de Campo Mourão, sendo ele altivo pioneiro. Dos tempos das casas de madeira, das avenidas e ruas sem pavimentação asfáltica, poeirentas ou barrentas. Assim como eram poucos os estabelecimentos comerciais e o número de habitantes. Para ele, à época, este solo mourãoense não seria, urbano ou rural, uma mera promessa. E ele pôde testemunhar o que anteviu muitas décadas atrás.

Novamente fazendo alusão ao poema do grande mestre literário português Fernando Pessoa (trechos acima transcritos): “Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador (…). A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado/Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou longe, apenas estou do outro lado do mundo”.

Aos 90 anos, despediu-se da vida junto dos familiares e diante dos amigos daqueles tempos de outrora, e de agora.

Mais do que saudades, fará falta, ser humano de luz própria, viverá na rememoração de sua trajetória familiar e como cidadão. Vive agora na eternidade da paz, assim como vivera.

Fases de Fazer Frases (I)

A verdade também é uma profissão de fé.

Fases de Fazer Frases (II)

Tudo pode ser necessário, até a desordem.

Fases de Fazer Frases (III)

Tudo pode ser necessário, até o fútil.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Merece o devido registro e aplauso a inauguração de uma biblioteca na Delegacia de Peabiru, acervo disponível para todos os presos.

Assim, além da cultura literária e educacional que terão acesso, os encarcerados têm com o quê só “matar o tempo”.

Farpas e Ferpas (I)

Escolha bem as amizades. Inimigos escolhem a gente.

Farpas e Ferpas (II)

Antes ver pela fresta do que bater a testa.

Farpas e Ferpas (III)

Se quem tem limite é município, o bom senso não tem fronteira.

Sinal Amarelo (I)

A prudência é mais do que ciência, é sapiência.

Sinal Amarelo (II)

Economizar palavras não é abreviá-las.

Trecho e Trecho

“Coisas que a gente se esquece de dizer/ Frases que o vento vem às vezes me lembrar”. [Lô Borges – O Trem Azul].

“O que eu quero? Sossego!” [Tim Maia – Sossego].

Reminiscências em Preto e Branco 

História ainda que desagradável, não degrada.

José Eugênio Maciel | [email protected]

* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal