… “Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos…”
“Enquanto esses comandantes loucos
Ficam por aí queimando pestanas
Organizando suas batalhas (…)
Preparando na surdina suas mortalhas
A cada conflito mais escombros
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos (…)
Uma nova corrida do ouro
O homem comprando da sociedade o seu papel (…)
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos (…)
Zé Geraldo – Milho aos pombos
Escrever sobre o que nada foi dito, caiba, quando muito, o nada como resposta. Não é demérito não ter nada a dizer, e, assim, não dizer nada.
É estranho e perfunctório ter que responder sobre um nada perguntado. Aos fatos para o caro leitor e respeitar a liberdade de opinião. Eis a integrada da “manifestação” da ACICAM: “ACICAM lamenta profundamente as mortes provocadas pela pandemia e reconhece o caos no sistema de saúde, mas ressalta que o lockdown não é a medida mais eficaz. Além de abalar a economia, contribui pouco com o combate ao Coronavírus. No comércio, seguindo todos os protocolos de saúde, as pessoas estão mais seguras do que na areia da praia, nas festas clandestinas, nas aglomerações, nas ruas. etc. A ACICAM é a favor da vida, tanto a humana quanto a das empresas. Por isso, diz não ao lockdown! ACICAM no combate à pandemia!”
Trata-se de entidade dita de utilidade pública. Representa interesses que na nota deixam claros sem terem dito. Pode-se apelidar de texto, mas é amontoado de palavras sem o essencial para ser chamado de texto, que pressupõe argumento. Vago, se caracteriza por palavrório de entidade mercantilista medieval, ávida pelo lucro acima de vidas, até a escravidão soa moderna, para eles.
Eis que dizem ser solidários aos profissionais de saúde, lamentam as mortes e que a economia não pode ser abalada nem pelo vírus. O comércio não tem culpa de nada e loquidal (tem palavra em nossa língua, mas eles são cultos até em outro idioma), não é eficaz. Compararam areia da praia, aglomerações, festas clandestinas e “ponhharam” um etc., comum quando falta conteúdo gramatical e sobram desconhecimento e respeito humanos. Que me culpe o caro leitor, não desvirtuei nada, o texto dos bacamartes da economia mourãoense é embuste, sem assumir o lógico deles: comércio aberto. Se defendem quando não foram atacados. Quem culpa o comércio pela pandemia? Desconheço tal fato. É possível negar, asseclas do vil metal, que o comércio, mesmo com todos os cuidados geram movimentação de pessoas. Mas ninguém os culpam.
Ninguém tem culpa de nada. Pessoas morrem ou sofrem porque são masoquistas.
“Pouco” mais de 100 pessoas não é nada. Nem cabe, talvez, um “estamos de luto”, se for empregado.
É evidente que vidas e trabalho deveriam se harmonizar, se completarem e darem razão uma ao outro. O velho ditado, de vender tudo para salvar uma vida”, soa falso para quem tem o que vender. O que vender? Comércio aberto! E Santa Casa Fechada! Paciência, pacientes, oxigênio é para o trabalho.
Quem tem o que falar e pela própria responsabilidade inerente dos cargos, são os prefeitos, secretários de saúde, profissionais da saúde, eles é que têm autoridade sanitária, moral, fé pública e vêm a público expor a grave situação. Eles não estão na praia, areia, em festinhas. Estão a atender, tentar, salvar ou infelizmente assistirem vidas acometidas estiolarem pela pandemia, história abreviadas, findadas e ninguém assumirá nada a não ser mesmo prefeitos, vereadores, governadores, que tem a função pública.
Precisarão morrer 200 mourãoenses? 400 na região? Abram o comércio mas não sejam cínicos os que ousarem afirmar que “estamos de luto”. Aliás, ninguém é obrigado a ficar de luto, embora a nossa Constituição preceitue a dignidade humana manifesta aqueles que morrerão, ainda que não levem “riqueza” nos caixões, aliás, o poder público banca os miseráveis economicamente.
Até quando assistiremos canais e meios de comunicação bajularem sob o pretexto da informação, o pobre e insensível, além de irresponsável dito “manifesto”? Fiquem tranquilos, vocês não têm culpa de nada. Que falem e ajam as autoridades da saúde, pelo compromisso ético, humanitário, cuja moral e profissão é salvar vidas, a todos (só a eles) o meu respeito e admiração.
Fases de Fazer Frases
Não é só areia da praia, mentes áridas abundam aqui.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Milho não alimenta só pombos.
Farpas e Ferpas
Abram tudo! Cemitérios também! Santa Casa, unidades de saúde! Quem precisar de socorro, invadam! Tudo deve estar aberto!
Reminiscências em Preto e Branco
Guerra, batalha campal em Campo. Sou um mourãoense triste, indignado. Não me enterrem com areia. Deixe-me por aí, sobretudo se faltar milho. Ou vidas.
José Eugênio Maciel | [email protected]