Avaliação positiva
No frigir dos ovos, uma notícia que deixa Lula e também FHC com uma pontinha de ciúme: a presidente Dilma termina o ano com aprovação maior que a que eles obtiveram no primeiro ano de seus dois mandatos. Nada menos que 56% dos brasileiros informaram ao Ibope que acham seu governo bom ou ótimo. Embora a troca de ministros, sete ao todo, e mais dois sob suspeita, pudesse representar um ônus, a verdade é que o povo parece ter entendido que os que saíram eram da cota de Lula que sempre conseguiu driblar malfeitorias como o mensalão, cometidas em seus períodos. Da preferência explícita da atual presidente apenas Fernando Pimentel, cuja presença no governo, embora defendida pela própria Dilma, continua ameaçada. Agora, por uma situação inusitada. Viajando a Genebra para participar da 8a. Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, o ministro simplesmente não compareceu à cerimônia inaugural, o que está sendo cobrado pela oposição mais atenta que nunca, especialmente seu líder, o paranaense Álvaro Dias, de destacada atuação neste ano de 2011. A saída traumática dos ministros citados, longe de contribuir negativamente na avaliação do governo, reforçou a ideia de que o brasileiro, agora que a atuação da imprensa é mais ativa na cobrança contra a corrupção, está apoiando medidas rigorosas tomadas contra tais atos de malversação do dinheiro público. Com justa razão! Um país que cobra nível de impostos de primeiro mundo, com serviços sem classificação prestados à população, tem razão de se revoltar com o tratamento que aqui se dá ao dinheiro público.
A semana foi tumultuada na Assembleia e na Câmara de Curitiba. Sempre em função de dinheiro. De menos na AL e demais na Câmara. O descontentamento de alguns deputados tem origem no corte determinado pela Mesa Diretiva (sem consulta aos líderes partidários) em duas vantagens que eram praticadas copiando exemplo do Senado e da Câmara Federal: verbas de convocação ao início do período legislativo e de desconvocação ao final. Equivalendo a dois salários.
Munição à…
Já a Câmara de Curitiba que vem de um período conturbado e ainda não esclarecido, por conta de milhões de reais pagos a duas agências de propaganda nos últimos cinco anos, com o agravante de uma delas ser de propriedade da esposa do presidente que autorizou a contratação e aditivos. Da denúncia, até hoje, foi um tal de criar factóides para blindar Caio Derosso.
…oposição
Nesse já aquecido clima, surge o projeto de aumento dos subsídios (nada menos que 28% de aumento) aos vereadores que assumirão os mandatos em 2013. Eleitos em campanha municipal que em Curitiba já se antecipa pesadíssima, tendo em seu bojo essa conturbada história não esclarecida por uma maioria que apóia o atual prefeito, candidato à reeleição.
FOLCLORE POLÍTICO
Crises em política, num regime democrático, são comuns. Quem é oposição acha defeito em tudo. Quem é governo, apanha por ter cachorro, e apanha por não ter. Em compensação usufrui das mordomias. Não raro os tiros, ao invés de virem dos adversários, são dados dentro da própria trincheira. Caso de uma situação vivida pelo governador José Richa, no início da década de 80 do século passado – dito assim, parece tão longe… Erasmo Garanhão, secretário da Fazenda estadual negociava um empréstimo internacional. O também secretário Belmiro Valverde (Educação) estranhou os altos juros. Alertou com o governador. Como parede têm ouvido, o assunto vazou. Chegou ao líder da oposição, Luiz A. Martins de Oliveira. Orador vigoroso, Luiz deitou e rolou. Aníbal Khury, presidindo a AL, amigo de Garanhão, tentou remediar. Não houve mais jeito. Richa, normalmente cuidadoso em suas tomadas de posições, viu que não havia mais jeito. Tomou uma decisão salomônica: demitiu os dois.
