Barba de molho

O exemplo francês é contundente. Embora com o atraso que também se observa por aqui, a Justiça do país condenou uma das mais importantes figuras da política francesa, Jaques Chirrac (90 anos), a dois anos de prisão pelo desvio de 2 milhões de francos ao tempo em que  era prefeito de Paris, para pagar salários de funcionários de seu partido político. A pergunta que fica: quantos políticos brasileiros amargam penas como essa por desvio de importâncias imensamente superiores. Comparados com os furos que se denuncia por aqui, o valor de Chirrac soa como gorjeta. Há casos famosos no Brasil, inclusive de um político paulista que adotou como slogan de suas campanhas o tristemente famoso rouba mas faz. Como se roubar em obras públicas fosse um mérito. Nos padrões de comportamento de alguns políticos nacionais, realmente o é. Ainda agora um dos acusados de ter feito fortuna em cargos públicos acaba de ser reentroduzido no Senado. O povo de seu estado lhe deu uma votação próxima a 2 milhões de votos e ele só não assumira por ter sido alcançado pela Lei da Ficha Limpa. Gerando inclusive uma dúvida séria sobre a forma com que ministros são conduzidos aos tribunais superiores: pelo QI (quem indica) e não exclusivamente pelo mérito. Tanto que a decisão do presidente César Peluso, nomeado pelo presidente Lula, só saiu, com seu voto de desempate não usual naquela Corte, depois de pressão do PMDB. Lamentável! Tudo isso, mais as diárias constatações da imprensa, ainda agora  trazendo fatos novos sobre o mais recente denunciado, ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, por, a exemplo do defenestrado Antônio Palocci, ter-se dedicado a mal explicadas assessorias, blindado inclusive pela presidente Dilma, coloca o povo com a barba de molho!

Esperteza

A esperteza é inerente à política. Como dizia a antiga deputada paulista Conceição da Costa Neves, explicando a jornalistas que se iniciavam na cobertura da Casa: Meu filho. Aqui você encontra de tudo. De todas as profissões. Gente séria, bem intencionada e até gente desonesta. Só não encontra gente burra.

Minutos de burrice

A constatação acima, relembrada em meu livro de folclore político (o colunista já está recebendo e.mails com colaborações para o próximo) não livra os políticos de terem cinco minutos de burrice no dia, como afirmava outro deputado paranaense,  médico Paulo Camargo. Minutos que atingiram os vereadores de Curitiba ao proporem aumento de subsídios. Num momento crítico para a Câmara curitibana, em que o episódio Derosso ainda não foi esclarecido (nem esquecido).

Maquiavelismo!

Ou talvez fosse essa mesma a intenção. Maquiavelicamente lançarem um fato novo para desviar a irritação do povo para outro tema. Salvo melhor juízo, um momento inoportuno!

Repercussão popular

Embora ainda não digerido por bom número de deputados especialmente por terem recebido a informação pela imprensa, a realidade é que a repercussão da medida adotada pela direção da Assembleia eliminando as verbas de convocação e desconvocação, modelo inspirado em decisão do Senado de 1995, talvez obrigue senadores a aprovarem projeto da então senadora Gleisi Hoffmann, em sua rápida passagem por aquela Casa, a reverem tal decreto.

Bênçãos antecipadas

Situações vividas em tempos recentes, eleição municipal curitibana de 2008 em que Osmar Dias apoiou Beto, e a governamental de 2010 em que Beto saiu ao governo, obrigando Osmar a se compor com o PT, não recomendam uma decisão em cima da hora. Razão que deve ter levado Gustavo  a já antecipar seu casamento com o PT. Para dar tempo a que seus eleitores assimilem e abençoem a união. 

Em choque

Enquanto alguns refutam a iniciativa da Mesa Diretora da AL de extinguir as verbas de convocação e desconvocação,  a devolução de R$ 90 milhões  economizados pela Casa ao governo, é bem recebida pela opinião pública.