Cenário confuso
O anúncio do presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (RR), da possibilidade de seu partido apresentar candidatura própria à Presidência da República, no caso Roberto Requião, como alternativa ao tratamento diferenciado que alegam os peemedebistas recebem em relação aos petistas por parte da presidente Dilma, não alcançou a repercussão esperada junto ao PT, mesmo com este interessado em debelar a crise que se instalou entre os dois partidos. Lembram-se todos que em 2010, na convenção partidária nacional que conduziu Michel Temer à vice de Dilma Rousseff, a candidatura própria recebeu apenas 95 votos entre os 560 convencionais. No caso com o próprio Requião na disputa. Sabem portanto que o blefe de Raupp tem a ver apenas com uma ameaça em busca de melhores posições no cenário governamental presente. Ao mesmo tempo cria o pretexto sonhado pelos peemedebistas locais, especialmente seus deputados apoiadores da candidatura Beto Richa, para esvaziar as pretensões do senador em relação a nova disputa ao governo, na medida em que tendo sofrido derrota na convenção de Curitiba, nada indica possa sustentar a pretensão na convenção estadual. Fica assim o PMDB como sempre esteve. Dividido, com direito a posições diferenciadas nos estados. Cada caso, um caso, a maioria deles, com rompimento com o PT. Apenas uma improvável união de Requião e Orlando Pessuti pode mudar o quadro regional. As possibilidades ficariam então divididas: deputados estaduais, apoiando Beto, Pessuti bandeando-se para a candidatura de Gleisi. A Requião sobraria como alternativa, em função de sua ligação familiar com o deputado João Arruda, acompanhá-lo num apoio à eventual candidatura do empresário Joel Malucelli. Se é que o PSD não está também jogando verde para colher maduro: uma vice para Eduardo Sciarra.
Estilo diferente
A jogada do PSD, se conseguir viabilizar a candidatura de Joel Malucelli é inteligente. Depois do sucesso obtido pelo governo de Jaime Canet Jr., em outra circunstância é verdade mas dando a sua administração uma feição empresarial, em que o improviso cedeu lugar ao planejamento, e a palavra empenhada prevalecendo sobre a politicagem, um nome forte como o de Joel, certamente receberá apoios. Especialmente num Estado que já provou ser menos sensível a governos apenas paternalistas, nunca dando a Lula vitória por aqui.
Postura agressiva
A volta da senadora Gleisi Hoffmann à sua cadeira no Senado, após uma passagem pela Casa Civil da Presidência, que se enriqueceu seu currículo deixou dúvidas em relação a seu empenho em favor do governo estadual, dá-se num momento de crise entre o PMDB que comanda as duas Casas de Leis, mais o líder do partido na Câmara e o governo petista. Cabe a ela a ingrata missão de agir agressivamente em defesa do governo que acaba de deixar. Com bônus, mas também ônus, para sua campanha ao governo do estado.
Ver para crer!
A forte pressão dos empresários do transporte coletivo da RMC denunciada pelo vereador Jorge Bernardi, especialmente sobre as conclusões que ele expôs como resultado da CPI do Transporte Coletivo, realizada pela Câmara de Curitiba, desmente o mau negócio que tais empresários afirmam ser explorado por eles. Alguns há mais de 50 anos. Quanto a devolverem as concessões, como anunciado pelo líder da categoria, é ver para crer!
Em choque
Diferente do que acham inclusive alguns conceituados analistas de pesquisas, que vêem na jogada do volta Lula, estimulada por petistas descontentes com o desempenho da atual presidente Dilma e políticos de outros partidos que se deram bem com o estilo mais condescendente do ex-presidente (que levaram a casos como o dos mensaleiros e da amiguinha Rosemary Noronha agora voltando à tona), não fazem bem para o PT, entende esta coluna. Desgastam a imagem de Dilma e não oferecem certeza de que Lula queira mesmo tentar voltar. Pelo menos, não na situação atual.
