Decisão afrontosa

Poucos jornalistas políticos da capital, entre eles o Mazza, o Campana, o Celsinho, o Mussa, o Murá  e poucos outros,  terão a vivência política deste escriba. Qualquer deles ouvido evitaria o que está acontecendo na Câmara Municipal de Curitiba. Tempo houve neste estado em que a imprensa era quase submissa ao poder. Exatamente como aconteceu nos últimos anos em nível nacional, quando a esperteza do jornalista  Franklin Martins, que passou pela Globo, Bandeirante, antes de assumir a coordenação da propaganda do governo Lula, num momento crucial, com pressões de todos os lados em função de ter sido detonado o mensalão que lamentavelmente até hoje continua tendo seu julgamento postergado, blindou o governo nas grandes redes de comunicação. Por um meio pouco sutil que seus antecessores  não tinham enxergado: com o irresistível volume de verbas publicitárias de que dispõe o governo federal, incluindo-se aí recursos de empresas como a Petrobrás que, pelas condições monopolistas não precisaria anunciar, já que não tem concorrentes;  volume esse que centralizado em Brasília e bem distribuído  sob condições, inibiu grandes redes de falar contra o governo. Não admira que o presidente Lula, que usou e abusou de falar bobagem, naquele estilo peripatético de discursar (criado na Grécia por Aristóteles, que dava aulas caminhando – entrando em alta na novela das 9), tenha deixado o governo com índices inimagináveis de aprovação. Ao custo de R$ 8 bilhões em 8 anos. Na Câmara de Curitiba, mais uma decisão infeliz acaba de ser tomada. O que se poderia chamar de Ética às avessas, acaba de ser praticada por vereadores curitibanos. Depois de o MP pedir a cassação do Presidente da Casa, a Comissão afronta a Justiça e inocenta Derosso. Bobagem da grossa! Certo que a frase juízes falam nos autos  pode se estender ao MP. No caso, provocados, humanos que são, podem falar nos atos.

 

Silêncio…

Ante-véspera de eleição: momento mais inoportuno para o assunto Derosso vir à baila na Câmara curitibana não existiria. Mesmo aqueles que se beneficiaram nos seus 14 anos de presidência da Casa, e ninguém é bobo para não entender que uma reeleição continuada como essa não se consegue sem grandes benesses, na medida em que o bolso é a parte mais sensível do corpo humano, agora se sentem mal.

 

…interrompido

A decisão da Comissão de Ética, afrontando a medida sugerida pelo MP à Justiça, acelerou manifestações de quem até então se mantivera calado. A afirmação do presidente da Comissão de Ética, afirmando ser uma decisão de líderes foi contestada por esses.

 

Olho vivo!

Enquanto ministros como Carlos Lupi dançam na corda bamba, a ex-senadora catarinense Ideli Salvatti, agora ministra da área política, vai passar um Natal em êxtase. Isso se o Senado confirmar em tempo a DRU que permitirá que a presidente Dilma gaste em 2012, R$ 62 bilhões como quiser. Na Câmara já passou. É dinheiro para garantir a eleição de prefeitos nas maiores cidades do país.

 

Sessões corridas

A coluna ontem referiu-se à velocidade com que a Comissão de Orçamento colocou em votação a liberação dos recursos para 2012, no Paraná. Outras votações de interesse do governo terão que ser zeradas até o recesso. O presidente Rossoni já anuncia sessões durante toda a semana (elas terminam normalmente nas quartas-feiras). Se necessárias, até sessões noturnas para zerar a pauta.

 

Em choque

Não falta mais nada. Apenas a decisão da presidente Dilma que já tarda. No momento em que o próprio PDT admite perder Lupi como ministro, para não perder o Ministério do Trabalho (cobiçado por muitos). É nisso que dá a Presidência  entregar a partidos (de porteira fechada) partes do governo. Aguardar a consulta ao partido é como diriam os 7 mil advogados que estão em Curitiba, um capitus diminutio. Em português claro, um desrespeito ao poder.