Desencanto geral

Políticos calejados com muitos anos de atuação na vida pública, acabam por demonstrar desencanto com a forma que se pratica política neste país. Na Assembleia foi a vez do veterano deputado (embora ainda relativamente moço) Elio Rusch, que preside o Democratas no Paraná, extravasar o seu descontentamento. Encabulado com o cenário político escancarado nesta próxima eleição, com coligações que reúnem partidos que pelos seus programas deveriam estar a léguas de distância, Elio desabafou: não é à-toa que o povo está cada mais distante dos partidos e da política. Comunga ele em seu pronunciamento com as teses que esta coluna defende, para moralizar minimamente o cenário político brasileiro. De outra forma, vinga a tese defendida pelo ex-governador Jaime Canet Jr. de que lugar não fica vazio, se não for ocupado pelos bons, será ocupado pelos ‘outros’. No momento porém, face ao descrédito a que a atividade política está lançado, fica difícil convencer os bons a ingressarem na política. Cada vez mais, pela legislação leniente que temos, elementos sem nenhuma vocação para a causa pública,  tendem a se transformar em maioria na atividade. Como melhorar o nível, nessas condições! Não por acaso a imprensa dá fantástico e até exagerado destaque a um ato como o praticado por um casal de moradores de rua que acha e devolve uma sacola de dinheiro escondida por marginais que roubaram um estabelecimento comercial, num monte de lixo. Uma atitude que seria normal se praticada por pessoas abonadas. Na opinião de muitos, uma idiotice do casal carente. Esses que assim pensam, já tiveram uma formação séria, infelizmente desvirtuada por, como lembrava Rui, de tanto ver  prosperar a iniqüidade. A política no nível de hoje (verdade se diga, de há muito) está corrompendo o brasileiro. Daí a vontade de alguns de nela ingressar com um único desejo, como lembrava o personagem do inesquecível Chico Anísio: Eu quero é me arrumar!

Popularidade a ser…

O crédito que a pessoa da presidente Dilma tem hoje, próximo a 80% de apoio da opinião pública, a par do entusiasmo e orgulho que lhe devem causar, leva-a a um nível enorme de responsabilidade. Essa gente que acredita nela – curiosamente não tem a mesma avaliação do governo – deve estar esperançosa de que finalmente tenha a coragem que faltou aos outros presidentes e promova a moralizadora reforma política.

…aproveitada

Pressionada porém, a sua conduta começa  cada vez mais a assemelhar-se à de seu antecessor, fazendo concessões como a liberação das emendas parlamentares em troca de não votação de medidas polêmicas para o governo. Justas às classes que seriam beneficiadas, como os aposentados. O nível de hoje lhe daria condições de convocar o povo para  apoiar medidas que à parte mal intencionada dos partidos políticos não interessaria. Momento como o que ela, Dilma, ostenta hoje, dificilmente será mantido se mudanças não forem feitas.

Papagaio de realejo

A repercussão de uma nota de ontem, analisando a jogada dos marqueteiros do candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, em foto (do bilhete do realejo), visivelmente arquitetada para reduzir a repercussão da foto tirada com Maluf e Lula, mostra a necessidade de se interpretar determinados fatos políticos que ao leigo passam desapercebidos.

Em choque

O desencanto que toma conta do brasileiro em relação a entidades públicas (não só aos políticos) parece não preocupar às diversas entidades. Depois do auxílio-refeição dos (mal pagos!) juizes, desembargadores e conselheiros do TC, agora vem o do Ministério Público. Para arrematar o detalhe sutil dos benefícios do Judiciário e TC: retroativos a 2004. Enquanto isso dinheiro para eliminar o fator previdenciário, que estrangula as aposentadorias do brasileiro comum, não há!