Discussão preliminar
Uma discussão complexa que antecede o julgamento do mensalão prestes a ser iniciado: a validade do voto do ministro Dias Toffoli. Diferente de outros que também foram indicados pelo presidente Lula para compor o STF, o que de certa forma cria algum comprometimento, Toffoli é mais ligado ao PT. Ocupou durante 15 anos a assessoria jurídica do partido; foi advogado nas campanhas de Lula e teve cargo na Casa Civil quando José Dirceu era o titular. Indicado por Lula foi advogado-geral da União. Seriam razões mais do que razoáveis para que se declarasse impedido de participar do julgamento. Como porém essa decisão a ser tomada pelo Supremo é de vital importância para o futuro político do PT e do próprio Lula, que sempre conseguiu sair pela tangente nos episódios turbulentos que macularam seu governo, como se viu nas intervenções do ex-presidente junto a ministros da Corte, até a denúncia de Gilmar Mendes e posteriormente as ações de José Dirceu convocando jovens a se manifestarem a seu favor, é provável que Toffoli mantenha a intenção de votar nessa questão fundamental. Acresce ainda lembrar que entre as regras estabelecidas para caracterizar o impedimento à participação nos debates e na votação, uma atinge diretamente o ministro em questão: a companheira do ministro, igualmente advogada, atuou na defesa de três réus do processo, como lembra a jornalista Dora Kramer: Paulo Rocha, Professor Luizinho e José Dirceu. É evidente que tais condições podem levar o ministro a declarar-se expontaneamente impedido. Caso não o faça, o procurador-geral, cuja acusação tem sido contestada inclusive agora, em vídeo gravado pelo presidente do PT nacional, Rui Falcão, pode contestar a sua legitimidade.
Opinião reforçada
Uma crítica desta coluna à divulgação de posição do MP do Trabalho em relação ao coral de Natal de Curitiba do HSBC, feita na sexta aqui, foi endossada pela Pastoral da Criança: em síntese, afirmou que os ensaios e apresentações são oportunidades para o fortalecimento de vínculos sociais das crianças participantes. Além do que, recebem uma ajuda de custo substancial que se não chega a ser um salário, lhes traz grandes benefícios.
Momento…
Paul McCartney, em vias de encerrar uma fantástica carreira musical construída junto com outros companheiros, formando o mais importante conjunto vocal do mundo, os Beatles, teve na sexta-feira um momento de grande emoção: regeu ao vivo um coral de 80 mil pessoas presentes, mais os milhões que cantaram com ele em casa, vendo a TV, o refrão de música composta para homenagear o filho de um seu companheiro de conjunto.
…emoção
Encerrando a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, Paul cantou Hey Jude, um eterno sucesso do conjunto. Quem em determinado trecho dá um conselho que cabe a todos os jovens: NÃO CARREGUE O MUNDO NAS COSTAS. A observação da coluna se não tem caráter político, tema da coluna, antecipa a necessidade de o Brasil se preparar bem para a próxima Olimpíada que será aqui.
FOLCLORE POLÍTICO
Já contei aqui mas vale repetir. Às vésperas de um julgamento importante como o do mensalão. Em passado distante, um deputado eleito pela região noroeste do Paraná, teve sua eleição contestada pela bancada da UDN. Dois advogados brilhantes à frente: Rubens Requião e Haroldo Leon Peres. O deputado, Miram Pirih, iugoslavo de nascimento, residente em Nova Esperança. O clima de confronto que se estabeleceu na Assembleia, levou o debate à televisão. Geraldo Russi, jornalista do Estado do Paraná que mantinha programa na nascente TV Paranaense, convidou Leon Peres e Pirih para o debate público. Um massacre, pensou o numeroso público presente tal o desnível, dos contendores, já que o iugoslavo era homem simples e com grande dificuldade de expressão em português. Durante a discussão Haroldo em dissertação brilhante, apelou para citação do conceituado jurista Pontes de Miranda, reforçando seus argumentos. Miram Pirih faz um gesto de desprezo e sai-se com esta: Bontes de Mirranda. Bontes de Mirranda advogado. Advogado tudo fofoquerro. A explosão de riso da plateia encerrou o debate.
