E agora, José!
Perguntaria Carlos Drumond de Andrade a José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, atual secretário do governo da Bahia: você que contrariando a presidente Dilma afirmou ter sido um bom negócio a compra da Pasadena, teve confirmada a sua opinião pelo festejado técnico da Petrobras, Paulo Roberto Costa (festejado pelos senadores da CPI, acrescente-se; opinião não partilhada pela Polícia Federal)); já a iniciativa de construir uma refinaria em Pernambuco que você, José Sérgio, também achou válida e oportuna, o seu colega entendeu como uma grossa irresponsabilidade, na medida em que tudo foi feito no improviso. Assim jogou ele sobre a área de serviços e a Diretoria Executiva comandada por você, a responsabilidade por uma obra orçada em US$ 2,5 e que já ultrapassa os US$ 18 bilhões, sem ter produzido absolutamente nada. Assim a imagem de competência da petroleira brasileira fica seriamente comprometida! É verdade que a participação de Hugo Chávez na sociedade é coisa de seu ex-patrão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se esperava do ex-presidente venezuelano, nada do que foi acordado foi cumprido. Agora fica essa churumela: verdade para um, mentira para outro e a depender da CPI chapa branca do Senado, não se vai chegar a nada. Até por que alguns deputados e senadores podem ter um pezinho no escândalo… Resta a esperança de que o processo da operação Lava Jato, agora convalidado pelo Supremo e devolvido em sua parte principal à Justiça Federal do Paraná (apenas André Vargas será investigado pelo STF) retome uma investigação séria. Uma expectativa foi respondida de imediato: como Paulo Roberto foi libertado pelo ministro Teori Zavaski, saindo o STF do caso, sua libertação perdeu o efeito. Foi o entendimento do juiz Sérgio Moro, cumprido pela Polícia Federal que imediatamente o reconduziu à prisão. Polícia Federal por sinal, cuja postura em relação a seu caso, foi execrada por Costa em seu depoimento à CPI de brincadeirinha do Senado.
Novela sem fim
Na quarta-feira, novo depoimento de Graça Fortes, atual presidente da Petrobras, perante a outra CPI, a mista (deputados e senadores). Igualmente com domínio dos governistas. Para gastar o tempo o relator formulou 60 perguntas. Coube a Graça, mais uma vez desmentir Paulo Roberto, afirmando que parte importante do relatório da Pasadena foi realmente omitida; refutou a afirmação de Paulo Roberto, segundo a qual o projeto da refinaria em construção em Pernambuco, foi feito em cima do joelho. Defendeu veementemente a área técnica da empresa; só não conseguiu explicar o aumento no custo: de US$ 2 para mais de US$ 18 bilhões. Por enquanto, já que a obra não está terminada.
Respostas satisfatórias?
Depois de terem (convenientemente para o governo) aceito como verdadeiras as afirmações do ex-funcionário da Petrobras, Paulo Roberto Costa, especialmente em relação à lisura com que a compra de Pasadena foi realizada, e a sua completa isenção em torno dos negócios do doleiro Youssef, como ficam os senadores da CPI de brincadeirinha, depois das informações do bloqueio de US$ 23 milhões de dólares em conta atribuída a Paulo Roberto! Mais US$ 5 milhões em nome do doleiro Youssef e familiares do ex-funcionário da Petrobras, em bancos da Suíça! Bloqueio realizado pela Justiça daquele país! Nem dá para culparem à parcialidade do ministro Joaquim Barbosa.
Cantos de sereia
Neste início de Copa do Mundo, contestada pela maioria dos brasileiros por razões conhecidas de todos, vale lembrar duas frases marcantes. Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF, co-autor da proposta brasileira para sediá-la) em 15/6/2007, quando tudo era alegria por parte das vitoriosas autoridades brasileiras: A Copa é um investimento privado. O papel do governo não é o de investir mas, de facilitador e indutor. Do ministro dos Esportes, Orlando Silva , falando em nome do então presidente Lula (4/12/2007): Faço questão absoluta de garantir que a Copa de 2014, será uma Copa em que o poder público nada gastará em atividades esportivas.
