Inocentes úteis
Os grupos encapuzados que partiram para a violência nas manifestações de junho, prestaram um desserviço ao país e à democracia. Voltaram agora às ruas, praticamente sozinhos, sem o apoio popular de antes. Isso num país em que as grandes decisões foram tomadas no correr do tempo sem a participação popular, é triste. Apesar das versões da História, a Independência no 7 de setembro de 1822, a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, ocorreram sem participação do povo. Depois disso as inúmeras vezes em que aconteceram mudanças governamentais como o movimento que conduziu Getúlio ao poder, ou a revolução de 1964, para citar as mais importantes não passaram de quarteladas em que a presença popular não se fez presente. Mesmo a Marcha da Família de 1964 e o Diretas-Já, foram manifestações orquestradas pela classe política, à direita ou à esquerda. A bem da verdade, populares, sem lideranças, sem objetivos definidos a não ser o acúmulo de descontentamentos que de há muito concitavam uma reação, só as manifestações que reuniram centenas de milhares de pessoas neste mês de junho, únicas manifestações em que o povo realmente se fez presente no Brasil, desde Cabral. Daí o desserviço que esses pretensos manifestantes que se infiltraram para promover quebra-quebra, prestaram. Foram inocentes úteis a serviço de quem quer que as coisas continuem como sempre foram: oferecendo facilidades aos que pretensamente falam em nome do povo, se apropriam de dinheiro público, acobertados pela impunidade. Daí o fracasso das recentes manifestações, com a ausência da mesma gente bem intencionada que acorreu aos manifestos de junho, e percebeu que, por aquele meio de manifestação, seria massa de manobra dos mal intencionados. Daí a importância que venham a ser coagidos a não mais continuarem com suas atitudes detratoras. Frustraram mais uma vez esse sofrido povo brasileiro que, ao menos uma vez, parecia seria ouvido. No clima de agora, volta tudo à estaca zero.
Livro fundamental
Depois do 7 de setembro, tema do segundo livro (1822) do maringaense Laurentino Gomes, a trilogia iniciada com 1808, em que narra a fuga da corte portuguesa para o Brasil, é completada agora com a sua versão da proclamação da República. O livro 1889, que será lançado dia 18 na livraria Curitiba, traz uma versão bem singular das razões que levaram o Marechal Deodoro da Fonseca, monarquista até o dia anterior, a proclamar a República.
Povo sem memória
Provando que povo que não tem memória não tem história, quem conhece essa obra de Laurentino Gomes integralmente, tem uma visão melhor das dificuldades que este país enfrenta para se consolidar como uma democracia permanente. Esta tentativa que se está vivendo chega agora, desde 1985, aos seus 28 anos. Ainda de forma incipiente, sujeita a chuvas e trovoadas, dependendo do humor dos governantes de plantão.
Impasse
Diante do quadro negativo que se formou no país (mesmo depois das expectativas criadas com as manifestações populares) que vira nas ações do STF um último lampejo de esperança , é esperado que as sessões finais do mensalão não tragam ainda mais frustração. Já bastam as atitudes da Câmara Federal com a liberação do deputado Donadon, e agora a postura do presidente do Senado, querendo botar por terra uma decisão que essa mesma Câmara tomara como reparação, eliminando o voto secreto.
Decisão demorada
Fim do voto secreto igualmente é o mote da Câmara Municipal de Curitiba, procurando uma revisão de seu conceito perante a população curitibana, depois de um 2012 em que os mais sérios vereadores pouco apareciam em público, pelos vexames que a vetusta Casa de Leis municipal proporcionou. O que não se entende é por que uma decisão como essa tem que passar por quatro votações para ser implantada.
Em choque
Pesquisa mostra que embora o trabalho dos vereadores não seja respeitado pela maioria dos curitibanos, neste ano a CPI do Transporte Coletivo pode contribuir para melhorar essa imagem.
