Memória curta

Enquanto a Petrobras retira de águas profundas, a custos altos, o petróleo, governistas de todos os níveis abastecem suas contas nos poços rasos do caixa da empresa. O que tira a autoridade da candidata à reeleição de citar a petroleira brasileira como um dos sucessos de seu governo. O escândalo propiciado pelas novas denúncias do ex-diretor Paulo Roberto Costa, na tentativa de obter as benesses da delação premiada, tira inclusive da atual e do anterior presidente do país, a condição de competência tão auto apregoada. Principalmente Dilma Roussef que foi ministra de Minas e Energia, à qual a Petrobras está afeta, presidente do Conselho e Chefe da Casa Civil de Lula, quando a roubalheira teve início e em seu auge. Durante oito anos, surrupiou-se a empresa sem que ninguém se desse conta disso, apesar do grande número de pessoas beneficiadas. E ainda vêm falar em administração competente! Interessante é que a queda do valor das ações da Petrobras nas bolsas de valores, parecia denotar que os investidores sabiam de alguma coisa. A queda era inexplicável, num momento em que o governo festejava a descoberta sem limites dos poços do pré-sal. A preocupação do governo, agora com explicações pífias como o não sabia de malfeitos na Petrobras de Dilma, parece levar à tentativa de superar a eleição sem que o fato gravíssimo tenha impacto sobre o 5 de outubro, ou o segundo turno. Depois é outra história. O brasileiro que já conviveu, e pela sua reação desde que alguma bolsa família caia no seu bolso, continuará a conviver com escândalos como esse, logo terá esquecido  mais esse episódio. Esperar  pela Justiça, daqui há alguns anos, no STF, que hoje conta com oito dos atuais dez ministros (Joaquim Barbosa ainda não foi substituído) indicados por Lula e Dilma, é muito otimismo!

Reações diversas

Há um outro aspecto a considerar nessa situação dramática em que se encontra a nossa principal empresa estatal. Desta vez não podem acusar a imprensa de estar fazendo ilações. São fatos tenebrosos que a cada dia vêm à tona, que em qualquer país sério cortaria mandatos e colocaria gente na cadeia. Se na China ou no Irã, com direito a pena de morte. No Japão, harakiri! No Brasil, nem vermelhos ficam!

Pesquisas em alta

È curiosa a reação dos candidatos. Mesmo tentando desqualificar as pesquisas, como ocorreu com um dos governáveis, semana passada, ficam todos na expectativa de divulgação das novas avaliações. Com isso propiciam cenas como as vividas em 98, quando Requião e Lerner disputavam o governo. Lerner, à reeleição. Requião, como agora, em meio a um mandato de senador. Até os 15 dias finais, Lerner apresentava dianteira expressiva. Airton Pisseti, comandando a campanha requianista, esmerava-se em denegrir Ibope, Datafolha, que revelavam a vantagem lernerista. Nos dias seguintes Requião deu uma melhorada nas pesquisas. Suficiente para seus  marqueteiros mudarem a cantiga: a hora da virada está chegando! Não virou. Perdeu no primeiro turno.

Gado em alta

Quem persistiu na pecuária bovina, sem reduzir seus rebanhos,  vive agora um momento de preços melhores. Expandir o rebanho com gado gordo, especialmente pelo inverno e as pastagens prejudicadas pelo frio, está difícil. Chance para os pecuaristas que praticam o confinamento: compram agora o boi magro e em 90 dias ganham quase 100 quilos por cabeça. A reposição do rebanho no Paraná, por dispor de menos espaços, será menor que no Mato Grosso do Sul, maior produtor de carne bovina do país.

Conflito de objetivos

Agora, quase doze anos depois de assumir o comando do país, pressionado pelo descontentamento popular manifestado em 2013 e pelas pesquisas eleitorais que ameaçam a hegemonia do partido no país, o PT propõe assembleia constituinte exclusiva para sugerir os itens da reforma política. Se a coluna entendeu bem, o povo elegeria os constituintes que não poderiam ser eleitos posteriormente para parlamentos. Se deixarem ao gosto do partido, retirará os constituintes dos Conselhos que pretendem implantar no país, se o Congresso não cassar a ideia estapafúrdia que Dilma criou por decreto. Ou Conselhos ou Congresso: os dois não convivem bem!