Momento inoportuno
Há argumentos válidos e corporativismo exacerbado embutidos nos dois lados que se inserem na PEC 37, popularmente definida como a PEC da Impunidade. Tanto delegados, federais e estaduais, como os componentes do Ministério Público, exibem justificativas, para as que as coisas mudem, no caso dos delegados, e para que continuem como estão, se prevalecer a opinião do MP. Uma verdade parece cristalina: nunca o momento foi tão inapropriado para uma discussão como essa. Num momento em que o povo sai às ruas para pedir, entre outras coisas, o fim da corrupção e da impunidade. Ainda ontem, com a opinião de um delegado aposentado em mãos, o colunista fortaleceu sua convicção de que, deixar só nas mãos de gente submetida aos mandatários de plantão a investigação, é uma temeridade. Os promotores, embora tão funcionários públicos como os delegados, têm mais liberdade de ação, tanto que as principais denúncias e também alguns sérios equívocos, por que não, vieram a público pelas mãos do MP. Caso do mensalão e até da escandalosa compra pela Petrobras de uma refinaria americana sucateada, com intermediação de grupo belga, participação direta de um ex- e outro diretor da hoje fragilizada estatal, este promovido para cargo de direção na BR-Distribuidora; assunto que por sinal caiu no esquecimento ou deve estar sendo tratado em segredo de Justiça. Isto é, vai dar em nada! O argumento do delegados é de que, quem acusa não pode investigar. Já o brasileiro, inseguro, que viu de tudo e que não tem respeito pelas Polícias, só temor, especialmente em função da excessiva exploração a que os assuntos policiais estão submetidos na grande mídia, esta impedida pelas verbas das estatais de imiscuir-se em assuntos políticos (coberturas como a das manifestações de agora fogem ao controle do governo), vê com preocupação esse assunto. Não tem opinião formada sobre ele, mas parece entender que quanto mais gente investigando, melhor.
Transparência
O governo estadual repete aqui o que Lula sempre fez em Brasília: quando um assunto incomoda, cria outra motivação para distrair as atenções. Com problemas delicados a serem resolvidos (caixa único, dificuldades financeiras supostamente provocadas pela redução dos repasses federais e empréstimos empacados; indicação do novo conselheiro do TC), anuncia com destaque que vai divulgar os salários do funcionalismo. Coisa que várias entidades já fazem, obedecendo à exigência de transparência.
Mais perdas
O tema perdas do Paraná, que tem sido esnobado pelo ministro das Comunicações, o paranaense Paulo Bernardo, é uma realidade que ainda agora pode ser ampliada. A prevalecer o projeto aprovado pelo Senado sobre a divisão dos recursos do Fundo de Participação dos Estados, o que deve acontecer, dos 2,8832% que recebe na divisão do valor distribuído entre os estados brasileiros, a cota paranaense cairá para 2,6547% em 2016. De R$ 1,786 bilhão em 2012 para R$ 1,665 bi.
Reclamação pertinente
Some-se a isso as perdas com o ICMS da energia fornecida pela Copel; o custo das universidades estaduais (obrigação federal); dificuldade para a obtenção de empréstimos, facilitados a outros estados, como Santa Catarina, em valores três vezes maiores que os reivindicados pelo Paraná (o governador de lá, do PSD, está na cota de apoio ao governo Dilma) e se terá a certeza de que Beto não está chorando, como afirmou Bernardo. Apenas reivindicando que o Paraná seja tratado com respeito. Coisa que só aconteceu, quando Ney foi ministro de Geisel. Agora o Paraná tem três! Resolve!
Em choque
O presidente da Assembleia, Valdir Rossoni, está inabalável. Só não divulgarei os salários (de efetivos, comissionados, inativos e deputados) se não estiver mais na presidência. Prossegue: É uma etapa que temos de cumprir. Estou dando a minha palavra: não vou recuar. Isto tudo vai ser publicado. Em estudo apenas a forma de fazê-lo.
