Novo capítulo

Mais uma novela financeira vai ter início. A exemplo do que ocorreu em 1997, quando o Paraná conseguiu empréstimos de R$ 456 milhões junto ao governo japonês para projetos na área de saneamento (Paraná-San), investimentos em educação e na agricultura (Paraná 12 meses), os empréstimos agora solicitados junto ao Bird e  BID, além de 3 outros no BNDE, para várias áreas, precisam passar pelo aval da Secretaria do Tesouro Nacional. Se fosse apenas isso, como ocorreu naquele ano, seria relativamente fácil. Ocorre que depois, como no financiamento anterior, precisarão aprovação do Senado. Inicialmente pela Comissão de Assuntos Econômicos e depois pelo plenário. Os R$ 456 milhões anteriores emperraram aí. Curiosamente pela ação de três senadores, dos quais dois ainda lá estão: Álvaro Dias e Roberto Requião. Só Osmar Dias, que completou o trio que durante 1 ano e meio segurou o financiamento, foi substituído por Gleisi Hoffmann que por sua vez, convocada pelo Planalto para a Casa Civil, cedeu seu posto a Sérgio Souza, seu suplente, indicado pelo ex-governador Orlando Pessuti. Como nenhum deles  morre de amores pelo  Beto Richa, é de se prever que a mesma história irá se repetir. Requião já deixou claro que não vê os empréstimos com bons olhos. Insiste em que, se tiverem destinação clara como para a saúde, vamos analisar. Álvaro também vê os empréstimos com cautela. Sérgio Souza igualmente pede detalhamento da  proposta e adianta: mesmo não gostando  de endividamento para o Estado, votará a favor do que for bom para o Paraná. Aí estão os ingredientes para uma longa discussão, que poderá inclusive determinar um atraso na conclusão das obras da Arena da Baixada para a Copa, já que parte do financiamento do BNDES será para essa obra. Não se espere muito boa vontade dos três!

 

Equívoco

Os oito anos de Requião não tiveram empréstimos internacionais; não só por razões ideológicas, não ficar bem a um governo de esquerda tomar recursos de organismos capitalistas internacionais. Há outra questão envolvendo o assunto: desde que seu governo não honrou o acordo feito com o Itaú, no saneamento do Banestado para venda, o Paraná passou a pagar multas mensais, recolhidas pela Secretaria do Tesouro Nacional. Situação da qual o estado só se livrou em 2010, com uma resolução do Senado.

 

Atritos…

De qualquer modo o assunto já começa a provocar atritos, especialmente pelo fato de Requião ser o único senador paranaense na Comissão pela qual o assunto passará. Cássio Taniguchi, hoje secretário de Planejamento do governo, à época era prefeito de Curitiba. Parceiro de Jaime Lerner desde sempre, acompanhou o episódio de perto. Daí o seu comentário de agora: Já vi esse filme antes.

 

…retomados

Requião, não se deu por achado: Peguei o estado quebrado das mãos desses Taniguchis da vida. Eu, aqui no Senado, não vou permitir que o próximo governo tenha que administrar o caos que eu tive que administrar, retrucou. O que certamente colocará na berlinda alguns aspectos do que seu próprio governo deixou a Beto, especialmente pela ação do melhor administrador de portos do Brasil.

 

Opinião abalizada

Para especialistas como Belmiro Valverde, com ampla visão dos problemas de governo por suas duas passagens por secretarias de Estado e por sua condição de professor de pos-graduação em administração da PUC-PR,  o governo está certo em buscar financiamentos para investimentos. Estamos falando de instituições internacionais sérias que vão ajudar na fiscalização da aplicação desses recursos. Já era hora de não sermos mais reféns desse dogma de que não é correto usar empréstimos, diz Belmiro.

 

Em choque

Os valores desses empréstimos certamente, se bem direcionados, serão bem vindos num estado que tem ainda imensos problemas e apenas R$ 800 milhões (5% da receita líquida do estado) para investir em 2012.