O “Deus” do capitalismo

Depois das medidas tomadas pela presidente Dilma nos primeiros meses de seu governo demitindo assessores envolvidos em situações comprometedoras, não obstante as reações das bancadas governistas, sempre complacentes, quando não participantes das malfeitorias, o que a diferenciava do estilo Lula de enfiar os problemas para baixo do tapete, adveio um  período de calmaria. Interrompido agora por mais uma denúncia contra o ministério do Esporte, cujo titular é acusado por um ex-companheiro comunista, de conhecedor, e pior, participante de um esquema de propinas. Distante do país, em viagem pelo exterior, a presidente Dilma em princípio deu um voto de confiança ao ministro Orlando Silva, sem abrir mão de uma investigação pela Polícia Federal dos fatos denunciados. Fica numa situação delicada: com o volume de dinheiro que será envolvido nas ações do ministério que cuidará da Copa do Mundo e posteriormente das Olimpíadas, tantos bilhões que nem o governo tem ainda uma noção exata de quanto será gasto, deixar no comando um titular já acossado por mais de uma dúvida, será preocupante. Precisaria cuidar dessa área uma figura acima de qualquer suspeita, para eliminar inclusive a expectativa  dominante entre a opinião pública brasileira, já contaminada por tantas corrupções comprovadas, de que esses eventos se prestarão a uma fantástica corrupção. Como exemplo cita-se sempre o que ocorreu no Panamericano do Rio, cujo orçamento de R$ 400 milhões foi beirar os R$ 4 bilhões. Um problemão que espera a volta da presidente. Se confirmadas as denúncias, fica provado que inclusive comunistas, cujas resistências ao capitalismo são apregoadas aos quatro ventos, não são indiferentes ao Deus desse sistema: o dinheiro.

 

Brincando com  fogo

Num momento em que o deputado Reinhold Stephanes faz uma afirmação em programa de rádio contra a existência de câmaras municipais, repercutida pelos próprios vereadores de Curitiba em sessão de críticas (a repercussão seria menor se tivessem deixado passar em branco), um vereador responsável por relatar as denúncias de irregularidades na produção de uma revista da Casa, sugere o arquivamento da denúncia.

 

Revista…

Não é uma questão de somenos. Trata-se de uma das denúncias feitas contra o presidente Caio Derosso que contratara a empresa de sua nova consorte (sorte demais o santo desconfia!) e que autorizara a produção de uma revista Câmara em Ação, com supostas 68 edições. Em alguns momentos, edições maiores de até 247 mil exemplares.  Ao custo de R$ 18,3 milhões.

 

…sob suspeita

Para quem não encontrou sequer o endereço em que a empresa Visão operava, nenhum exemplar da revista em gabinete de vereador ou na biblioteca da Casa de Leis curitibana, sem tempo para comprovar se os serviços foram efetivamente prestados, o vereador Dirceu Moreira (PSL) pedir o arquivamento da investigação é no mínimo, estapear o eleitor curitibano.

 

Problema desnecessário

Assuntinho incômodo é a interrupção da transmissão do discurso da presidente Dilma, na cerimônia em que uma doação de R$ 1 bilhão a fundo perdido para a construção do metrô de Curitiba estava sendo divulgada. Na segunda-feira, na AL, enquanto o líder do governo, Ademar Traiano explicava tratar-se de uma falha técnica, de vez que o estilo conciliador e as inúmeras manifestações de apreço do governador Beto Richa, pelo tratamento que está recebendo de parte da presidente Dilma, era destacado, o líder da oposição, Ênio Verri, repercutia o fato, confirmando que neste período o Paraná não tem do que se queixar no atendimento do governo federal.

 

Em choque

A repercussão do problema na geração do pronunciamento da presidente Dilma em Curitiba, para quem é do ramo, não tem razão de ser. Até a Globo em transmissões externas, quando não é a geradora, paga mico. A Empresa Brasileira de Comunicação e a agora E.Paraná, com os parcos equipamentos que possuem, nem deveriam se envolver em transmissões externas.