Orquestra desafinada
A impressão inicial causada pelo atual governo federal, dando a entender que uma faxina estava sendo levada a efeito, começa a se dissipar. Em período anterior a opinião pública desacostumara-se de ver o que os bem postados em Brasília chamam de malfeitorias mas, no popular recebe o jargão de corrupção, serem punidas. O mensalão do Lula ficou muito menos lembrado que o do DEM, embora este fosse localizado em Brasília, enquanto o primeiro teve dimensões nacionais. Ainda hoje o mensalão original não foi julgado, correndo o risco, nem um pouco espantoso para quem conhece a política e a justiça brasileiras, de prescrever. Do outro mensalão, a mais recente notícia que se tem é a de beatificação da deputada Jaqueline Roriz pela Câmara. Voltemos porém aos primeiros momentos do governo petista, agora consagrado pela presença da presidente Dilma na reunião nacional do PMDB que tem como sua figura mais marcante o senador José Sarney e se verá que ele, como todos os outros, é refém da fisiologia. Atropelado pela opinião pública iniciou o que se chamou faxina, palavra que hoje causa mal estar à presidente. Dos cinco ministros defenestrados, demitiu quatro. O mais recente, do Turismo, que se levado em conta o seu passado como deputado nem deveria ter sido nomeado, demitiu-se. Quando o lixo na porta de seu ministério já se acumulava e começava a cheirar mal. Tal como acontece no resto do país, com lixões políticos a céu aberto, em Brasília o caminhão de lixo do Planalto sempre chega atrasado. Se houve entusiasmo inicial pelas medidas tomadas, o povo percebe hoje que gente como o Sarney e seu PMDB (não se exima outros como o PR de responsabilidade) é que realmente detém a batuta que rege essa desafinada orquestra política brasileira.
Pela via…
Quando se esperava que a indústria automobilística nacional adquiriria condições de competitividade com os carros importados pela via da redução dos escorchantes encargos (trabalhistas, tributários) que pesam sobre ela, o que se viu foi o aumento de tributação sobre os componentes importados.
…torta
Mais de 70% dos veículos que aqui chegam são do México e Argentina, liberados da tributação por exigência de acordos do Mercosul. Não será surpresa se as montadoras desses países começarem a adquirir as peças no exterior e incorporá-las aos seus veículos. Entrando no Brasil, sem a taxação agora definida, por outras vias.
Blindagem
As verbas de comunicação da Câmara de Curitiba que já alçaram números estratosféricos podem ter um substancial aumento. Experientes comunicadores estão entrando em ação para blindar o presidente Caio Derosso. Claro que bem pagos que, sabe-se hoje, a Câmara é generosa com os que a obsequiam. Como só relógio trabalha de graça e ainda assim movido a pilha recarregável, é de se imaginar que tal tarefa não seja gratuita.
Ambientalistas …
Mais uma disputa está em andamento. Desta vez entidades ambientalistas contestando a vitória obtida pela Embrapa que desenvolveu sementes transgênicas de feijão, mais rentáveis e mais resistentes que as hoje existentes para plantio que, atacadas pelo mosaico-dourado, podem apresentar perdas de 40% (ou mais) nas culturas.
…contra
Tais sementes modificadas só devem estar disponíveis em escala comercial dentro de 3 anos. Trata-se de pesquisa desenvolvida pela empresa agropecuária brasileira durante 10 anos. Hoje, pelos cálculos de especialistas, o Brasil perde de 80 a 280 mil toneladas de feijão pelos ataques do mosaico-dourado.
Em choque
As dificuldades na aprovação de um projeto definitivo para o Código Florestal ainda existem, especialmente em relação às pequenas propriedades agrícolas. Para o ex-ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho (governo FHC) há a necessidade do Congresso tentar resolver problemas do passado, com perspectivas de futuro.
