País da burocracia

Um comentário ouvido de um locutor esportivo sobre Pelé que dava bola redondinha aos companheiros e só recebia desculpas de volta, aplica-se também às obras públicas não terminadas, com contratos não cumpridos, caso dos reparos feitos na BR-467, na região oeste. À cobrança do Ministério Público pelo fato de, nem terminada, a obra já apresentar situação igual à anterior, isto é, asfalto inteiramente degradado, informou ao MP que já sabia mas outro contrato estava sendo providenciado. Assim de contrato em contrato, a maioria superfaturada o rico dinheirinho do brasileiro conquistado a duras penas e dele arrancado através a fantástica carga tributária incidente, mina-se a paciência do brasileiro. Dinheiro para pagar obras de infraestrutura não existe. Assim como para remunerar melhor professores, médicos, policiais, exatamente os que operam nas categorias mais sensíveis à população. Agora para pagar auxílio refeição de R$ 600 reais, auxílio moradia de R$ 3 mil, auxílio para aquisição de livros a ministros e desembargadores que já ganham o limite do estabelecido por lei, o recurso aparece. Aí vem o efeito cascata como ocorreu na semana anterior no Tribunal de Contas do Estado, tão rigoroso com prefeitos e vereadores, atribuindo-se as mesmas vantagens. Com pagamento retroativo, o que colocou nos bolsos dos Conselheiros uma bolada. São exemplos das discrepâncias que ocorrem neste país, criando uma cultura estranha: se o governo aplica mal, o empresário tem direito de se proteger, sonegando. Tudo isso, por conta de uma burocracia levada ao extremo, produzindo idéias como a de Afif Domingos: no Brasil se cria dificuldades para vender facilidades.

Repercussão

Continuam repercutindo as declarações do presidente do Banco Central que fugindo à tradicional maquiagem sobre a economia, comum nas afirmações dos dirigentes públicos, afirmou com todas as letras que não há no horizonte mundial perspectivas de melhoras nos próximos anos. Sinal de que o tsuname financeiro vai chegar ao Brasil nem que seja com efeito de pequenas ondas. Afinal como lembrava Mcluren, vivemos na aldeia global.

Sem novidades

A semana deve terminar sem definições no cenário político curitibano, sobre as chapas definitivas que concorrerão em 7 de outubro. Nem Luciano Ducci, nem Gustavo Fruet, Ratinho Jr. e Rafael Greca – este devendo primeiro tentar confirmar sua candidatura – resolveram a companhia em que vão à disputa. O mais próximo de definição é o PT que tem encontro em Cascavel no sábado, com a presença da ministra Gleisi Hoffmann e também em Curitiba para a definição do vice na chapa de Gustavo.

Lei em risco

Pior que lei que não pega, para surpresa de outros povos onde lei é lei, é aquela que surtindo efeito e devendo ser estendida para cima é puxada para baixo. Caso da Lei de Improbidade que nos seus vinte anos de vigência já puniu 5.863 agentes públicos. Não atingiu número maior por ter gente com foro privilegiado. Agora ao invés de estender a esses a possibilidade de punição na 1a. instância, o STF pode ampliar o número de beneficiários do foro. Decisão para as próximas semanas.

Polêmica

A aposentadoria concedida aos ex-governadores e viúvas, cujos mandatos ocorreram antes de 1988, está a perigo. O deputado Professor Lemos (PT) protocolou pedido para que tais aposentadorias sejam suspensas. Em março de 2011, o governador Beto Richa cancelou as concedidas depois da Constituição de 88. Se a nulidade das demais for adotada uma instituição de caridade será prejudicada. Um ex-governador que não permite a divulgação de seu gesto, doa a ela sua aposentadoria.

Em choque

A aparente inutilidade da audiência dos dois governadores – Marconi Perillo e Agnelo Queiroz – citados nas escutas da PF, na CPMI do Cachoeira, já fora antecipada por esta coluna. Também o PMDB fez parte do entendimento para amansar os depoimentos.