Política e comunicação mal formuladas

De repente, não mais que de repente, talvez até por erro estratégico do próprio governo federal, os assuntos que dizem respeito a poderes executivos e até judiciários, adquiriram uma notoriedade indesejada por eles. A coluna se refere ao fato de, desde o final do governo Lula, a partir do destaque alcançado pelo mensalão, uma estratégia ter sido usada para praticamente calar os veículos mais importantes. A concentração de recursos próprios à Presidência da República mais as verbas das estatais, na Secom e colocadas nas experientes mãos de um ex-comentarista da Globo e da Band, fez com que tais veículos, mais as demais redes englobando (jornais, as que tinham), tevês e rádios passassem a receber substanciosas importâncias em seus noticiosos. O que naturalmente implicava numa complacência com malfeitorias e, espaços generosos para as falas diárias do presidente. Com grandes redes dominadas e os tribunais superiores com maioria de ministros nomeados por Lula, a tranqüilidade tomou conta do governo. Do Legislativo, nada a temer: sempre deu maioria ao governante de plantão.  O erro foi deixar revistas semanais e jornais independentes que se sentiram à vontade para uma prática pouco comum na área: jornalismo investigativo. Como em política não há segredo que sobreviva graças à ação dos adversários, logo, sobrando para o atual governo, as denúncias começaram a surgir. Com efeito multiplicador! Redundando no maior número de ministros demitidos por suspeitas em todos os tempos. O mais recente, Mário Negromonte. O que surpreende é o critério de substituição, normalmente por indicação do próprio partido que avalizou o ministro anterior. Um absurdo. Avalizou ministro mal sucedido, a norma seria perder o direito a nova indicação.

Efeito cascata
Na esteira das denúncias surgidas no Executivo, surgiram as dos legislativos, estes aliás sempre atingidos por  disporem apenas de pequenas verbas de comunicação (a Câmara de Curitiba foi exceção) e, mais recentemente, as do Judiciário.

Outro erro
Outro erro: se a fala da ministra Eliane Calmon, do CNJ, tivesse recebido outro tratamento e não transformada no cavalo de batalha em que os próprios representantes da classe dos magistrados a transformou, não teria chegado ao julgamento de quinta-feira.

Decisão a fórceps
A própria indefinição da presidente Dilma que deixou o quadro do STF incompleto por meses a fio, com a divisão interna no julgamento da ação movida pela AMB em que 5 ministros eram a favor, 5 contra,  contribuiu para que o julgamento adquirisse a importância que teve.

Chave de ouro
A decisão histórica, marca com chave de ouro, para os favoráveis à manutenção dos poderes do Conselho Nacional de Justiça,  o ingresso da ministra Rosa Weber. Foi dela o voto decisivo e a frase: A competência do CNJ, a meu sentir, é originária e competente e não meramente subsidiária.

Sonho antigo
Superado provisoriamente esse importante tema (outro vai ter repercussão igual ou superior – o julgamento do mensalão), voltemos aos assuntos locais. Uma importante informação aos anseios de toda a região oeste vem de ser anunciado pelo secretário Pepe Richa: a desapropriação de área para implantação do aeroporto regional. Uma luta de todo o empresariado de Cascavel, Toledo e adjacências, capitaneada pelo então apenas empresário Alfredo Kaefer, hoje deputado federal e possível candidato a prefeito de Cascavel.  
Em choque
Desta vez vai? Com apoio do ministro Paulo Bernardo (presente), da ministra Gliesi que segundo o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos vai ficar o tempo inteiro no meu calcanhar, tiveram reinício (pela terceira vez) as obras da estrada Boiadeira (de Campo Mourão ao Mato Grosso quando concluída). Trata-se, ao lado da BR-153, do mais antigo projeto federal em execução no Estado.