Política equivocada

As notícias não são favoráveis. A  produção de etanol no país, depois de anos de euforia em que se informava que o Brasil era auto-suficiente em combustível, gasolina e etanol em expansão, levando ao carro flex e às eufóricas viagens do caixeiro viajante do produto, em recentes viagens pelo mundo, anunciando a boa nova ao mercado. Depois veio a entusiasmante descoberta do pré-sal (curiosamente, antes de se ter sequer a tecnologia da sua extração, os estados já  brigam pelos royalties que serão produzidos). Agora a realidade: o etanol hidratado, usado em veículos e outros subprodutos da mesma linha, sofreram redução – 12,7%. Notícia que se soma ao prejuízo da Petrobras. Conseqüência da falta de política de longo prazo – só se socorre um setor quando o calo aperta. Este colunista, certa feita estando no Rio de Janeiro, acompanhou um empresário amigo, do setor sucro-alcooleiro, a contato com diretor da BR-Distribuidora, braço da Petrobras. Sua usina, em  dificuldade momentânea, precisava valer-se de um adiantamento sobre a safra que a BR sempre realizava. Operação corriqueira. A surpresa foi saber que tais operações estavam suspensas. Uma usina, das muitas que se valiam desse adiantamento, pago na safra, deixara de cumprir o acordado. Decisão esdrúxula da BR: todas as outras pagariam pela atitude e os adiantamentos foram suspensos. Equivalia a um recado: vire-se! Em contrapartida, quando o preço do açúcar ficou mais atraente, as usinas desviaram para ele a maior produção, deixando a BR a ver navios saírem abarrotados do produto, enquanto o etanol faltava nas bombas. Falta seriedade no trato com os empresários do setor e estes respondem na mesma moeda. De Gaulle tinha razão.

Alívio…

O ex-assessor do senador José Eduardo (o homem do chapéu), o paranaense Emerson Palmieri, escapou ileso no julgamento do ministro Lewandowski. Acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, neste último item havia sido condenado por Joaquim Barbosa.

…momentâneo

Lewandowski ao inocentá-lo afirmou que existem pessoas que fazem parte dos móveis e utensílios das instituições (no caso, o PTB de quem foi primeiro secretário). Emerson Palmieri era uma pessoa desse naipe. Resta saber se os demais ministros seguirão total ou parcialmente o relator e o revisor. Rosa Weber seguiu Barbosa.

Luxo desnecessário

Se como informa o Tribunal de Justiça do Paraná, o relatório do CNJ que aponta defasagem nos seus procedimentos está superado, em virtude das medidas corretivas adotadas e ainda não constantes nas avaliações do Conselho Nacional de Justiça, ficou difícil de justificar a aquisição de carros com motorista para os desembargadores, prática anteriormente extinta, bem como a aquisição de luxuosíssimas e potentes caminhonetes. Afinal, mesmo com grandes disponibilidades financeiras, ao TJ cabe lembrar que  atua num estado ainda com sérios problemas que tais recursos poderiam sanar.

Transferência ignorada

O novo índice de aprovação do governo Dilma, segundo o CNI/Ibope, demonstra mais uma vez que prestígio não se transfere. Ele aparentemente não interfere nos resultados obtidos por petistas nas principais cidades do país em que candidatos apoiados pelo partido apresentam intenções de votos que em alguns casos, nem os levarão ao segundo turno. Nesse caso também está o apoio de Lula, ainda gozando de alta avaliação não transferida a seus apoiados. Mesmo o crescimento de seu candidato em São Paulo, não corresponde ao prestígio que goza.

Em choque

As discussões decorrentes de denúncias sobre o despejo de dejetos in natura no rio Iguaçu, por parte da Sanepar, revelaram uma oportunidade perdida pelo governo para mobilizar a opinião pública no sentido de se proceder a um grande movimento de socorro ao importante rio que atravessa o estado no sentido leste/oeste. Como amplamente divulgado, o fato é anterior ao atual governo que apenas, supostamente, não estancou essa prática.