Que democracia é esta!

Conversa entre amigos veio à tona um assunto recorrente: o que se paga de impostos no Brasil para não se receber nada em troco. Alguém lembrou de uma estória que o colunista trouxe à luz, sobre experiência vivida por amigo que hoje vive na Suécia. Agrônomo, esse jovem iniciou carreira numa multinacional em Campinas (SP). Transferido para a matriz em Estocolmo, assaltava-o uma dúvida. Embora tivesse bom salário, era descontado em quase 40%. Uma  certeza era a necessidade de se aposentar por lá, e depois voltar ao Brasil. Aposentadoria integral. A outra era sobre não ter plano de saúde para uma emergência. Até o dia em que um vizinho do andar em que morava num prédio, teve problema grave. Ao ajudar os socorristas que logo chegaram, viu com surpresa o elevador que conduzia o enfartado, subir e não o contrário como esperava. É que o socorro viera por um helicóptero. Ao retorno do vizinho, felizmente recuperado, foi consultá-lo sobre o custo da assistência recebida. Nada! Custo zero. Como também custaria se ele tivesse um filho em escola. Percebeu então a diferença uma democracia social e a que se pratica por aqui.  Altos impostos mas cobrindo as necessidades vitais. Ao contrário dessa que se pratica por aqui. Uma democracia sem título: não é Social, nem Cristã. Uma Democracia à brasileira. Altos impostos cobrindo nada. Para ensino melhor, paga-se escola particular. Para um duvidoso atendimento de melhor qualidade, plano de saúde. Seguro obrigatório para veículo de cobertura ridícula. A pergunta que não cala: o que realmente os quase 35, ou 36% de impostos que se paga por aqui, mais alguns acréscimos como multas de trânsito, por atraso no pagamento de impostos, taxas de embarque em aeroportos, pedágios num país que cobra IPVA e seguro obrigatório, cobrem. Até anos atrás pagou-se laudêmio, um imposto do tempo do Império. Tudo isso para ter a qualidade de serviços que se tem por aqui. Uma vergonha!

Mãos atadas

Uma análise da nossa  legislação eleitoral vai chegar a outras tristes constatações. Na democracia à brasileira, o eleitor obrigado a votar, não tem direitos. De que instrumentos dispõe para punir o eleito com seu voto, se este não cumprir as promessas de campanhas! Ou não for fiel ao programa do partido pelo qual se candidatou!

Estrutura cara

Medidas simples para recuperar a degeneração a que o sistema eleitoral brasileiro foi levado, restabeleceriam um mínimo de dignidade a  essa chamada legislação eleitoral que também interessa ao TSE e seus apêndices. Se o voto não fosse obrigatório, a cara estrutura permanente dos órgãos eleitorais não seria necessária.

Medida simples

A obrigatoriedade de todos os partidos lançarem candidato próprio nas eleições majoritárias –prefeito, senador, governador e presidente – por exemplo, evitando a vergonhosa venda de espaços nas TVs, um comércio que transforma os partidos em prostitutas do poder, reduziria as siglas a números menos expressivos: dos quase 30 de hoje sobrariam menos de 6 ou 7. Uma limpeza ética que contribuiria para moralizar minimamente a atividade política. Uma tese do Affonsinho (Affonso Camargo Neto) que morreu sem vê-la realizada.

Equívocos

Os equivocados esforços do governo,  na tentativa de proteger o país das dificuldades econômicas mundiais que a cada dia se acentuam, não evita que a confiança dos empresários medida  nas pesquisas feitas pela Confederação Nacional da Indústria., diminua. Ironicamente o pior índice foi registrado entre os fabricantes de veículos automotores, exatamente para onde o governo direcionou isenções tributárias.

Em choque

Não dá para deixar sem registro: Maluf não poderá mais manter o seu nego quando se lhe cobrar existência de  recursos seus em paraísos fiscais.  Documentos entregues pelos advogados da offshore Durant (de sua família) provam que a empresa controlava contas na ilha britânica de Jersey.