Responsabilidade assumida

A frase mais importante dita nos últimos tempos, foi proferida pela ministra do STF, Cármem Lúcia, na apresentação de seu voto que condenou nove dos julgados desta semana, na AP 470 (vulgo mensalão). A afirmação de que meu voto no sentido da condenação (dos réus), não é qualquer desesperança na política. É a crença nela é frase que vale ser analisada em sua profundidade. Equivale a entender o quanto o descrédito de que hoje goza a política perante a comunidade brasileira, é responsabilidade dos poderes que não entenderam ainda a complexidade do regime democrático: executivos, legislativos e igualmente os judiciários. Reflexos do que disse Rui na sua Oração aos moços, uma convocação desse sempre citado jurista à ética e à moralidade, infelizmente pouco aplicadas neste país: De tanto ver triunfar as nulidades, triunfo que ocorreu em todos os níveis. Num país que até anos atrás, convivia com a ignorância e o atraso intelectual, conseqüência do coronelato político que advém da nossa origem como país, situação que aos poucos, aos trancos e barrancos começa a evoluir, esse julgamento do qual a ministra tem o privilégio de participar, pode ser o divisor de águas. Parafraseando Roberto Carlos, daqui pra frente tudo (poderá) ser diferente. Essa a consciência demonstrada pela ilustre ministra que tem falado menos mas, com propriedade. Como  tem sido igualmente a característica de outra participante desse julgamento, a também ministra Rosa Weber. Independente dos embates entre Relator e Revisor do processo, esse é um momento histórico vivido neste país. Capaz de influenciar decisivamente o comportamento dos que assumirem mandatos, e principalmente, capaz de influenciar  o estado de ânimo do que os elegem. Hoje, completamente desencantados!

Desinteresse…

Uma situação ambígua é vivida na cidade de Jandaia do Sul, município situado no norte do Paraná, a poucos quilômetros de Apucarana. Seu prefeito (pela 2a. vez), José Borba, réu do processo mensalão com quase certa condenação, só não foi candidato à reeleição pela Lei da Limpa.

…municipal

Apesar das dificuldades vividas no julgamento do mensalão, Borba que já foi líder do PMDB na Câmara Federal, logo depois de ter ingressado no partido em pleno mandato (o que prova sua habilidade política), em Jandaia do Sul continua a ser um ídolo. Diga-se de passagem, o povo local nem acompanha o julgamento. Os que conhecem sua participação no mensalão, tiram o chapéu para os benefícios que trouxe ao município.

Outro paranaense 

Situação diferente é vivida pelo outro paranaense envolvido no mensalão. Emerson Palmieri cresceu no Bamerindus, onde começou como ascensorista. Chegou a homem de confiança do ex-senador José Eduardo, presidente do Banco ao tempo de sua doação ao HSBC. Em Brasília ocupou, por indicação de Zé Eduardo (que deixou a presidência do PTB para ser Ministro da Agricultura)  a secretaria nacional do partido. Fonte de sua desdita atual.

Cortesia cara

A coluna já antecipara. Sob o título cortesia com chapéu alheio, já se anteviu o que aconteceria com a desoneração de IPI a setores industriais: cairiam os repasses do governo federal aos municípios, via Fundo de Participação dos Municípios. Fundo composto pelo IPI e IR, do qual depende a maioria dos 5.600 e poucos municípios brasileiros. O resultado será nova marcha a Brasília, para pressionar o governo. 

Em choque

Depois da informação vazada em Brasília de que a ministra Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffamnn, poderia voltar ao Senado, supostamente para preparar sua campanha ao governo do Paraná, quando se sabe que sua presença no poderoso ministério lhe daria mais força, o cargo de ministro de Comunicações ocupado por Paulo Bernardo, estaria na mira do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que deixa no final do ano a prefeitura de São Paulo. Levará consigo, se isso acontecer, apenas a presidência do partido e uma grande rejeição demonstrada na derrota de Serra (se ocorrer).