Tempo de prometer

Como no início do confinamento de bois, que vai do inverno, quando o gado está magro,  para dali há noventa dias estar com seis arrobas a mais de peso, o período eleitoral é o tempo de ‘engorda das promessas’. Período que dura de agora até 1º de janeiro, dois meses depois das eleições. Nesse tempo os problemas do país estarão resolvidos.  Pelo menos as promessas de solução estarão no ar. Os candidatos ao cargo de Presidente  da República, especialmente os que lutam pela primeira vez, ainda podem merecer alguma credibilidade quando às iniciativas que prometem tomar para resolver os entraves que atrasam a chegada do país ao primeiro mundo. A que pleiteia a reeleição, tem que ter suas promessas recebidas pelo povo com um pé atrás!  Afinal somados o seu e os dois períodos anteriores, tempo houve de sobra para implantar o seu principal comprometimento de agora: a mudança da lei trabalhista. Promessas de campanha é uma  situação que se repete a tanto tempo que, a exemplo do que se criou no final do período de Fernando Henrique, deveria ser implantado no Brasil uma Lei de Responsabilidade da Palavra, incidindo sobre tudo o que é prometido. Quem não cumprisse sofreria como penalidade não poder mais participar da vida pública. A tese surge ao ler as participações dos três principais candidatos à presidência, além da supracitada, de Dilma Rousseff. Abaixo, os compromissos assumidos pelos candidatos perante bom número de empresários reunidos pela Confederação Nacional da Indústria. Pena que nenhum tenha usado a frase-lema do ex-governador do Paraná, Jaime Canet Jr.: Não prometo; assumo compromisso.

Dilma promete!

A participação da presidente Dilma no encontro com empresários, foi marcada pela sua justificativa de ter seu governo trabalhado para reduzir os efeitos da crise mundial (de 2008) sobre o país, razão do  crescimento menor que o esperado mas responsável por manter a economia girando num momento ruim. Afirmou levar em consideração os 42 pontos levados a ela, que segundo o empresariado, se solucionados, garantiriam a arrancada vitoriosa da economia. Inclusive, a flexibilização das leis trabalhistas que afora o 13º salário e o FGTS (intocáveis segundo Dilma) , pode ser avaliada e transformada em projeto de lei em seu segundo mandato.

Aécio também!

Aécio Neves, além das críticas naturais a um candidato de oposição, cristalizado na comparação dos 7 x 1 que também receberá  se eleito, 7% de inflação e 1% de crescimento, garantiu ampliar dos atuais 18% para 24% o investimento total do governo em  relação ao PIB, numa grande articulação do governo com o setor privado, o que garantirá um ambiente seguro para os investidores. Na primeira semana de seu governo, garantiu, a reforma tributária será encaminhada ao Congresso.

Campos, igualmente!

A primeira participação entre os candidatos com o empresariado, foi a de Eduardo Campos. Igualmente prometeu o encaminhamento da reforma tributária na primeira semana de um eventual  governo seu, mas garantiu que não tirará direito dos trabalhadores. Ele que até terça-feira evitava críticas ao ex-presidente Lula, agora não o poupou por ter atrasado o processo de concessões e parcerias público-privadas, essencial para deslanchar a sucateada infraestrutura brasileira. Quando  o atual governo  deu início a essas parcerias, já sob o comando da presidente Dilma, fizemos de uma maneira atravessada (…), parecia que se fazia a contragosto. Na linha de sua  vice Marina Silva, Campos afirmou que é preciso uma nova política para que a economia do país evolua.

Fundos abutres aqui!

A expressão da moda, cunhada pela Argentina que amarga a moratória, também existe por aqui. Ao invés de fundos abutres, são fundos compradores de precatórios. Os que têm ‘facilidade’ de recebê-los, ou tempo para aguardar o resgate, compram dos que têm urgência do dinheiro que lhes é devido,  por 25, 30% do valor de face. Por R$ 250 mil, um de R$ 1 milhão! Só que os pobres beneficiários de tais precatórios aqui, não têm quem os defenda em Caracas.