Tiro final
Ao contrário do que imaginou o ministro Carlos Lupi quando de sua declaração à presidente Dilma, não há espaço para o amor na guerra de babuínos que se pratica em Brasília. Para os que não são familiarizados com essa espécie de símios, é bom informar que eles têm uma maneira muito peculiar de se livrar de intrusos. Assim como os políticos brasilienses demarcam seus espaços. Espaço que no caso do Ministério do Trabalho, detentor de fantásticas verbas do Fundo de Apoio ao Trabalhador (coitado, esse é o que menos as vê!), está hoje na mira de vários partidos, na medida em que seu titular, apesar das declarações de amor à presidente, aparenta mesmo amar o poder. Do qual está se distanciando, enquanto denúncias de todos os tipos contra sua atuação não param de pipocar. Mesmo que nada se prove contra ele, diretamente, o que ocorre em baixo de suas barbas, é estarrecedor, depois que gente mal intencionada percebeu que montar uma ONG interessada em prestar serviços de preparação de mão de obra, num país em que sobram vagas e faltam especialistas, é o melhor caminho para se desviar dinheiro público. Comprometendo inclusive o conceito de outras do gênero, que prestam serviços essenciais, em áreas que o governo claudica. Obrigando a presidente a baixar um decreto em que todas foram niveladas por baixo, enquanto não se apura (ou se depura) o que é joio e o que é trigo. Tarefa difícil para realizar em trinta dias, depois que mais de oito anos nos separam do início dessas artimanhas. O curioso nessa, como em quase todas as maracutaias que envolvem órgão de governo é que os responsáveis conseguem passar anos praticando-as. Como no caso do vaso que tantas vezes vai a fonte, por detalhes sutis, acabam caindo do cavalo. Ou do avião de dono de ONG, como no caso de Lupi.
Votos salvadores
O estilo da presidente Dilma de deixar o titular de cargo envolvido em malfeitorias, sangrar até morrer, que já funcionara em outros cinco casos, parece ser o mesmo destino de Carlos Lupi. Isso por que as chantagens na base, quando um projeto importante está em análise, são freqüentes. Especialmente, quando o governo tem que aprovar a prorrogação da DRU, os 26 votos que a bancada pedetista mantém na Câmara (5 no Senado) parecem fundamentais.
Risco calculado
A Desvinculação das Receitas da União (DRU), que permite ao governo manipular livremente 20% das receitas federais, independente de orçamento, até 2015 (duas eleições, uma municipal e outra nacional em meio), faz toda a diferença. Com a ameaça do PDT de deixar a base, assanha outros deputados da bancada da gelatina, que manipula o governo à sua conveniência. Tirar Carlos Lupi é portanto um risco.
Rei morto
A preocupação do governo procede. Na primeira votação da DRU, a vitória governista foi de apenas 61 votos – 369 votos e necessários 308. Já se vê que gente da bancada governista votou contra. Com mais um motivo, mesmo na hipótese pouco provável dos 26 do PDT saltarem fora, pois na lógica do pragmatismo que funciona em Brasília rei morto, rei posto, outros irão aumentar suas reivindicações para votar a favor da matéria.
Sem destaque
O aguardado depoimento da jornalista Cláudia Queiroz Guedes na CPI que supostamente investiga os milionários gastos da Câmara curitibana em propaganda, feitos na administração de seu marido João Cláudio Derosso, assunto que ao início recebeu extraordinária cobertura da imprensa local, mereceu ontem uma pequena nota de chamada. Não bastasse o fato de ser realizado (se é que aconteceu!) às 18,30 hs. de um feriadão. Massa para pizza.
Em choque
Uma antiga reivindicação dos moradores do oeste, a reabertura do Caminho do Colono, foi discutida em reunião realizada ontem em Serranópolis do Iguaçu, com participação de grande número de deputados federais. Assunto da maior importância para a economia regional.
