Um país nu!

Parece que uma onda de insensatez vem tomando conta do país nestes últimos tempos. Não bastassem os aumentos auto atribuídos  por categorias funcionais das quais se espera equilíbrio absoluto,  pela importância das decisões que cabe a elas emanar;  de lideranças como ex-presidente Lula, deixando a postura equilibrada  exibida desde que deixou o governo, com  poucos deslizes, inclusive aparentando cautela durante o desenrolar da campanha eleitoral da qual parecia em alguns momentos estar ausente,  de repente surgem frases como a pronunciadas na recentes reuniões de seu partido. A ameaça de “colocar as  tropas do MST nas ruas”, só pode ter sido dita num momento de excesso etílico! Uma provocação inaceitável, quando se anuncia que o povo que saiu às ruas em junho de 2013, mais uma vez ameaça vir demonstrar seu descontentamento com o absoluto descontrole que parece atingir o país, deixando sérias dúvidas sobre o seu futuro econômico;  em que  se desdiz tudo o que se afirmou dias atrás  na campanha eleitoral , impondo expansão da alta carga tributária que já sufoca os brasileiros. Não bastam os escândalos que surgem a cada dia, envergonhando e irritando os filhos deste país!  Aumentos que culminam com a explosiva manifestação dos caminhoneiros, desnudando  o absurdo a que foi conduzido o Brasil no correr dos últimos 70 anos, por uma decisão política que privilegiou o transporte rodoviário, deixando o país refém dessa categoria de profissionais! De repente todas as mazelas a que o país  foi conduzido,  vem à tona, a começar pela constatação de que a corrupção se tornou endêmica.  Se estivéssemos no período imperial, a expressão cabível seria “o Rei está nu!” No Brasil de hoje são a insensatez, os desmandos da classe política, toleradas pela  indiferença de  categorias às quais caberia dar exemplo de controle e sobriedade,  que estão deixando nu,  um país antes apontado como a nação do futuro. O que fizeram com Ele, perguntarão as futuras gerações em tempos que não tardarão a chegar!

Estertor da greve

A continuidade da greve dos professores, antes apoiada por grande parte dos paranaenses pela justeza da causa, começa a perder força pela impressão  de que se transformou em instrumento de pressão política de um sindicato que  extrapola sua função de defensor da classe, para se fortalecer politicamente. O retardamento na convocação da assembleia para decidir os destinos do movimento, cujas principais reivindicações parecem ter sido contempladas, é injustificável, ante a urgência pelo reinício das aulas reivindicado por alunos e pais.

Reivindicações necessárias

Assuntos como número de alunos em sala, precárias condições de alguns estabelecimentos de ensino, falta nos quadros administrativos, são discussões permanentes,  às quais, isso sim, o sindicato deve se entregar, apresentando seus argumentos  diante de um governo que agora se mostra mais propenso ao diálogo. É preciso parar de só aparecer para estimular reações.

Lição de casa

Uma lição a greve dos caminhoneiros deve deixar: a absoluta dependência de um país de dimensões continentais, a um único modal de transporte de cargas. Os exemplos  deixados por ingleses, em décadas iniciais do século passado, entrecortando principalmente São Paulo de ferrovias, e algumas outras estradas que compunham a Rede Ferroviária Federal,  logo deixadas às traças, foram esquecidas ou jamais aprendidas. As novas gerações de governantes nacionais, nunca ouviram a frase que marcou o governo de Washington Luiz, governante deposto pela revolução que entronou Getúlio Vargas:  “governar é abrir estradas”. No caso brasileiro, de ferro, hidrovias, cabotagem. Num país que copia os estrangeirismos, o exemplo do primeiro mundo e suas malhas ferroviárias, deveria ser imitado. Não mirabolantes e superfaturados trens-bala, Rio/São Paulo/Campinas!

Esperança limitada

Algumas ideias começam a aparecer nas discussões preliminares sobre a reforma política: voto não obrigatório, limitações no financiamento de campanhas, voto distrital ou misto, fim da reeleição, fim do fundo partidário para sustentar partidos. Muitos outros precisam vir ao debate, inclusive diminuindo a safra de partidos políticos que crescem  como ervas daninhas. Difícil vão ser políticos, principalmente “os 300 malandros que o Lula constatou quando deputado”, votarem em ideias que contrariam seus interesses.