Válido, mas…

Os números refletem bem o que se viu na eleição presidencial: a absoluta predominância de votos entre os beneficiários do Bolsa Família. Das 14 milhões de famílias que hoje recebem o benefício, apenas 985 mil são da região sul. A redução expressiva de 125 mil, deve-se a aumento de renda da população e fiscalização mais eficiente nos itens frequência escolar e cuidado com a saúde defilhos. A queda em alguns casos devida à desinformação que levou à perda de prazo para a o recadastramento. Nesses poucos casos, colaborou a desatenção do poder público, especialmente os municipais. No Paraná, 188 mil moradores vivem com renda individual inferior a R$ 70 reais mensais,completadas pelo programa estadual de benefícios. O ‘fato concreto’ (expressão do Lula) é que, o Bolsa Família, como se tentou exaustivamente provar nos programas eleitorais, teve origem na soma dos programas implantados por dona Ruth Cardoso nos governos de FHC, tem contribuído para reduzir a miséria absoluta com mais êxito nas regiões nordeste e norte, onde a influência política pode ter um efeito maior. Programa sem porta de saída, a dependência que o brasileiro se acostumou a ter em relação aos governos, tem levado muitos dos 14 milhões a se despreocuparem com o futuro, aprendendo a conviver com essa importância em realidade lastimável de US$ 1,25 ao dia, valor admitido como parâmetro entre ser ou não, miserável. Embora válido, o programa acabou se transformando num instrumento eleitoral ao qual o governo se agarra, para garantir seu projeto de poder.

Operação abafa

A Operação Lava-Jato e as recomendações feitas pelo Tribunal de Contas da União, em relação a superfaturamento na Petrobras e em outras obras, pela paralisação até que as irregularidades sejam sanadas, esbarra na convicção que Lula anteriormente demonstrou, caminho também seguido por Dilma.  Entendem que a suspensão dos trabalhos geraria custos ainda maiores. O perigo de não serem retomadas tais obras, não ocorre, agora que um novo (mesmo) governo estará sendo iniciado.

Tema delicado

O tema “paralisação” tem colocado em posições divergentes a senadora Gleisi Hoffmann, hoje a grande defensora do governo Dilma no Senado, e o deputado Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara Federal. Enquanto Gleisi defende que o Brasil não dispõe de grande número de empreiteiras para substituição nas obras, Rubens entende que “o Parlamento não pode se sobrepor a um órgão técnico”. A verdade é que, se paralisadas as obras com suspeita de superfaturamento em todos os níveis, federal, estaduais emunicipais, o Brasil, como previu o defensor de um envolvido no “petrolão”, realmente pode parar.

Honra ao mérito

Enumerar as atuações marcantes de João Elísio Ferraz de Campos, em sua vida exemplar de administrador público e empresário, não é tarefa fácil. Basta lembrar que repetiu em nível nacional, os êxitos que obteve no Paraná. Um dos raros paranaenses a alcançar prestígio nacional. Por aqui, deputado, secretário de muitas obras no governo Canet Jr., vice-governador que concluiu com obras marcantes o mandato de José Richa, exerceu em nível nacional por 20 anos a presidência da FENASEG, instituição que congrega as seguradoras do Brasil. Motivos mais que suficientes para colocar no peito a medalha Barão do Serro Azul que a Associação Comercial do Paraná ontem lhe concedeu.

Conscientização fundamental

Uma coincidência interessante nos programas sociais governamentais, foi o quase abandono de investimentos anteriormente feitos (especialmente no período militar –Alfa, Mobral) na alfabetização de adultos (alguns jovens ainda já fora da idade escolar, entre eles). Número próximo ao de beneficiários do Bolsa. Quase todos falhando na tentativa de levar analfabetos ao final do dia, a salas de alfabetização noturna. Uma incoerência. Com os recursos de comunicação, famílias poderiam ser motivadas a alfabetizar os necessitados com os quais tenham contato. Uma campanha dura de conscientização, cobrando da patroa que mantém em função doméstica uma analfabeta, lembrando que ela ocupou a vaga que faltou a sua funcionária, assim como tantas outras motivações, colocando materiais didáticos à disposição, poderia apresentar um ganho expressivo e uma colaboração realmente cidadã. Chamar a sociedade à responsabilidade, parando com a tendênciade governos de sempre tentarem sozinhos, resolver os problemas.