Verbas “cala a boca”
Verbas cala a boca
As constatações da imprensa de que das dezessete intervenções previstas pelo governo federal, dez ainda não saíram do papel; obras nas rodovias paranaenses que deveriam ter sido iniciadas neste ano sequer contam com recursos empenhados, nãocausam surpresa. Isto porque, se bem levantado, isso ocorre na maioria dos estados. Alguns poucos, pela simpatia dos governantes, pressão dos governantes e dos meios de comunicação (TVs são geradas em São Paulo, Rio e Porto Alegre) recebem tratamento mais privilegiado. O restante vive de obras iniciadas e incompletas, caso inclusive de uma das mais badaladas do governo Lula, iniciada a toque de caixa e com ribombar de bumbos e estouro de foguetes: a transposição do Rio São Francisco que iria redimir o Nordeste. A informação mais recente, decorridos cinco anos, é a de que pelo menos em Pernambuco, a obra está abandonada. Eis uma das razões para o governo não ter recursos com que tocar as obras que começa: o desperdício. Some-se a isso supostos R$ 200 bilhões em desvios (roubados), uma burocracia cara e ineficiente, que presta pouco serviço de má qualidade, e se chegará à conclusão do que acontece com a fantástica arrecadação proporcionada pelos quase 40% de carga tributária. Se as TVs, hoje preocupadas em desviar as atenções para os problemas policiais (extremamente graves), dedicasse exercesse jornalismo investigativo diário sobre os desmandos de governos, o quadro seria outro: um povo certamente irado, não com a indiferença de hoje. Elas (redes de TV) só não ocupam esse espaço, pelas generosas dotações que recebem das estatais brasileiras: verbas cala a boca!
Justiça populista
Mesmo tendo criticado o resultado do julgamento do mensalão em relação à sua atuação, afirmando tratar-se de justiça populista (como se popularidade não tivesse sido a motivação do PT para chegar ao poder que ele usou mal), o ex-Chefe da Casa Civil, José Dirceu entregou seu passaporte. A crítica de Dirceu equivale a dizer que os ministros do STF estão jogando para a plateia. O que em certa medida pode até ser verdade!
Efeito desmoralizante
Uma decisão de efeito duvidoso: entra-se (os cocaleiros que o digam) e se sai do Brasil via Paraguai, Argentina, Bolívia, Venezuela e Uruguai, quando se quer. O recolhimento dos passaportes de todos os condenados pelo STF, tem efeito desmoralizante para gente que se achava acima do bem e do mal. Nivela-os aos brasileiros comuns dos quais muito se toma e pouco se dá.
Meia palavra
Se para bom entendedor meia palavra basta, como ensina a sabedoria popular, os fatos da semana em Brasília têm mais significado que se lê na superfície. Zé Dirceu defende a regulamentação da mídia que em boa parte contribuiu para sua desgraça (em termos, ganha mais hoje que como Ministro); Dilma prefere o ruído da mídia ao silêncio da ditadura.
Contra ponto
Outro fato: os petistas mais renegados neste período tentam mostrar o perigo de Eduardo Campos (governador de Pernambuco e presidente do crescente PSB) numa disputa com Dilma. Buscam preparar terreno para a volta de Lula. A reação do Planalto: jantarzinho com os caciques do PMDB (Temer, Sarney e Renan e sua troupe), regado a juras de fidelidade à custa da eleição de Renan no Senado e a continuidade do domínio de Sarney na Casa. Além da eleição de peemedebista na Câmara e continuidade de Temer na vice.
FOLCLORE POLÍTICO
O Paraná perdeu há poucos meses uma figura discreta mas eficiente: o ex-prefeito curitibano e ex-ministro Ivo Arzua Pereira. Quando de sua eleição à prefeitura (1962), lançado pelo então poderoso governador Ney Braga (PDC), Ivo, pouco conhecido e nunca classificado com grande orador (disputando com um petebista bom de fala), teve a seu favor a frase: Mais ação e menos conversa. Pegou! O resto Ivo garantia foi conquistado à custa de solas do sapato. Andei mais que notícia ruim, afirmava.
