A tecnologia e a crise: aliadas do empreendedorismo

As pessoas sempre têm medo das mudanças. Tinham medo da eletricidade quando foi inventada! Bill Gates

No início do mês de julho cerca de 185 mil empreendedores optaram pelo sistema de recolhimento de tributos em valores fixos mensais – opção do Simples Nacional na figura do MEI – micro empreendedor individual. Esse número é 19% acima do verificado no final de dezembro de 2018. Esses dados são do Portal do Empreendedor, plataforma do Governo Federal que centraliza a formalização dos MEI´s. É um crescimento bastante superior ao aumento do emprego formal, que no período de dezembro de 2018 até maio de 2019 cresceu ínfimos 0,91%.

Em julho, o Portal do Empreendedor apresentou um número total de microempreendedores individuais na ordem de 8,5 milhões de pessoas. Do outro lado da moeda, a taxa de desocupação do IBGE – emprego formal e informal – cresceu de 11,6% para 12,3%. E no primeiro trimestre de 2019, a economia demonstrou uma queda de 0,2% do PIB.

Juntando as partes, não é difícil concluir que o crescimento do número de empreendedores tem a ver com a busca de alternativas para obter trabalho e renda. O assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, que já foi presidente do Sebrae, afirma: Na verdade, são empreendedores que estão trabalhando por conta própria, porque emprego, no sistema tradicional, está raro e vai ser muito raro daqui para frente.

Na avaliação de Afif, a hora é oportuna para empreender. No momento de crise, você encontra pessoas dispostas a arriscar sair da zona de conforto para buscar alternativas para própria sobrevivência. Portanto, a crise é alimentadora de atitudes empreendedoras.

O empreendedor é aquele que vê oportunidade onde outros vêem recessão e desemprego. Porque a crise não faz o dinheiro sumir. Ela o faz mudar de dono. Centenas são as histórias de empreendedores e empresas que surgiram em função de uma oportunidade identificada num momento de crise. Basta dar uma googada e aprender com elas.

Hoje em dia, com a tecnologia e as informações cada vez mais abertas, têm surgido muitas demandas novas para as pessoas, as famílias, seus animais, o meio ambiente, a mobilidade, entre outras.

Basta ver o número de aplicativos que surgiram e se massificaram nos últimos anos. E o potencial de geração de ocupação de alguns: seja na startup que o desenvolve, seja nas oportunidades que ele gera ao cidadão. Estima-se que no Brasil 40 milhões de pessoas trabalham com aplicativos – desde motoristas, entregadores, youtubers, jogadores profissionais, desenvolvedores, etc.

Essa tecnologia disponível tem criado uma nova categoria de empreendedores, que iniciam seus negócios muito cedo, com baixíssimos recursos e praticamente sem controle do Estado. Aliás, muitos Municípios e Estados tem corrido atrás de pensar em modelos legais, incentivos, redes de cooperação, alianças com Universidades, entre outras iniciativas, para amparar não só o surgimento de cada vez mais startups, como o desenvolvimento dessa importante classe de empresas, que não só fazem crescer a geração de renda e ocupação, como contribuem na resolução de muitos problemas sociais.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]