Atração de empresas

A maior força de uma cidade é ter muitos cidadãos instruídos. Martinho Lutero

As cidades geralmente competem para atrair investimentos externos. Não é raro ver prefeitos, vereadores, governadores e deputados lutando para atrair uma empresa de porte para seu reduto eleitoral. E eu considero um anseio justo, por conta da necessidade de geração de empregos e tributos que irrigarão a economia local, tornando-a mais sustentável frente à crescente demanda social.

Uma consideração que faço é a respeito da qualidade do emprego que se pretende gerar. Sabemos que a quantidade de vagas é importante. Melhor as pessoas trabalhando do que dependentes da ação social. Em alguns casos, porém, os empregos gerados podem custar caro à municipalidade. Senão vejamos: uma empresa que detém grande porcentual de sua força de trabalho em níveis salariais mínimos, cria uma demanda ao poder público de investimentos em saúde, educação, transporte, moradia, entre outros, pois seus funcionários certamente não terão condições de arcar com esses custos.

Quero dizer com isso que, por exemplo, uma empresa que gera 200 empregos insalubres de salário mínimo, demandará do poder público a manutenção dessas pessoas através de saúde, educação e transporte gratuito, entre outros custos. Se para atrair essa empresa a cidade abriu mão de impostos e fez investimentos como doações ou serviços, daí então não recuperará esses recursos nem a médio prazo.

Logicamente essa não é uma equação fácil de resolver. Afinal, nenhum governante optaria em não investir em uma empresa que geraria centenas de vagas de trabalho, não é mesmo?

A solução talvez seja mais a longo prazo. Investir na qualidade do emprego. Atração de empresas mais competitivas e tecnológicas, fortalecimento das pequenas empresas locais, para que estas contratem mais ou pelo menos mantenham seus funcionários são algumas apostas. Melhorar o perfil de sua economia através de maior valor agregado, exportações, e incentivos para instalação de empresas de base tecnológica podem contribuir muito.

Bem, o fortalecimento das pequenas empresas locais pode-se buscar de forma mais rápida, pois elas já estão instaladas no município. Necessário o poder público dialogar com o setor produtivo, entender suas demandas, buscar parcerias e dar respostas adequadas. É como aquela história de tentar conquistar um novo cliente e esquecer daquele que já compra na sua loja. As empresas já estão na cidade, então, se o município vai fazer investimentos para atrair outras de fora, pode também fazê-los para as que já estão trabalhando no local.

A vinda de novas empresas é importantíssima também, para oxigenar a economia, trazer novos modelos de gestão, acirrar a concorrência e, claro, ampliar a oferta de empregos e os recolhimentos de tributos.

Neste aspecto, é importante que o gestor municipal tenha em mente o que deve fazer para que seu município oferte condições diferenciadas para atrair empresas de qualidade. Entrar em guerras fiscais ou de incentivos tributários é o pior caminho, pois via de regra as empresas interessadas somente nestes tipos de benefícios não têm muito compromisso com o município.

Enfim, não existe fórmula mágica: a cidade tem que ser atrativa e viável para gerar uma economia saudável, e assim gerar recursos para as demandas sociais cada vez mais crescentes.

Na próxima semana, trarei algumas ponderações sobre o que mais atrai as empresas a uma cidade.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]