Corra que o 5G vem aí

“Daqui alguns anos a tecnologia de hoje será uma bobagem aos olhos do amanhã”. Marta Felipe

O ano era 1996. Estava há menos de dois anos no Sebrae, e, como parte das ações da Instituição para as micro e pequenas empresas, havia uma frente de sensibilização para as novas tecnologias que estavam surgindo. Entre elas, a telefonia celular. 

Eu havia me registrado numa fila de pretendentes a ter um telefone celular em Campo Mourão, e aguardava a quase um ano pela liberação de novas linhas. A Telepar prometia para aquele ano pelo menos mais 30 liberações. Não havia loja de celulares em Campo Mourão. As mais próximas estavam em Maringá, e não passavam de 2 ou 3. 

Realizamos uma série de palestras, seminários e até uma feira, apresentando possibilidades tecnológicas. Lembro que o principal exemplo dos palestrantes era relacionado à telefonia. “Compraremos celulares em supermercados, e sairemos falando”, diziam, diante de olhares incrédulos e comentários em tom de sarcasmo. 

Hoje, estamos prestes a receber a tecnologia 5G de telefonia celular. Será uma nova revolução digital, pois permitirá aplicações inimagináveis até há pouco tempo, em função da velocidade e volume de dados que poderão ser transmitidos. 

Muito provavelmente em 2020 teremos o maior leilão de 5G do mundo, no Brasil. Serão definidos os responsáveis pela operação do sistema. Segundo a Huawei, até 2025, 60% do mundo estará coberto por essa tecnologia. 

E aí, querido leitor… esqueça tudo o que conhece até agora em termos de telefonia, internet, tv, carros, e prepare-se para um novo salto tecnológico que nos fará parecermos dinossauros perante nossos filhos e netos. 

Além do volume de dados, outra característica que fará o 5G mudar nossos paradigmas atuais é a chamada baixa latência, ou seja, não há atraso na transmissão de dados. 

Aliado à chamada IOT, ou internet das coisas, as aplicações serão ampliadas de forma exponencial. “Ele (5G)  traz um novo mundo para o setor industrial. Ele facilita os processos econômicos em vários segmentos, como na área automotiva, com carros conectados; na área de saúde, otimizando processos de cirurgia remota, por exemplo; e na cadeia produtiva, com a implantação de novas indústrias com plantas integradas”, aponta o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Huawei, Rubens Mendonça.

Com uma velocidade de transmissão 100 vezes maior que o atual, os carros poderão estar conectados com sensores nas vias e entre eles, evitando os acidentes causados por erro humano, que hoje são 90% dos casos. Haverá carros autônomos que mais parecerão uma sala de estar, onde você sentará num confortável banco e apenas dirá aonde quer ir. Sem direção, sem motorista. 

Esqueça sua parabólica. Um conteúdo que hoje demora 40 minutos para fazer download, será baixado em apenas 3 minutos. Comprar um HD maior para armazenar seus dados, pra quê? Poderá acessá-los da nuvem em qualquer lugar e com dispositivos mais rápidos que os hd´s atuais. 

A conexão entre os equipamentos de uma indústria, por exemplo, permitirá uma gestão remota e imediata, agilizando as providências e evitando perdas. Na medicina, cirurgias remotas através de vídeos e equipamentos interligados mudarão o conceito de hospitais centrais e altíssimos custos. 

Resta saber se a nossa velocidade de aprendizado e adaptação também será nesse ritmo. Porque, assim como em 1996, dizer “Cara, legal isso aí, mas não vai rolar”, não será uma opção. 

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]