Desindustrialização

Industrializar aceleradamente o país; transferir do exterior para nosso território as bases do desenvolvimento autônomo; fazer da indústria manufatureira o centro dinâmico das atividades econômicas nacionais – isso resumiria o meu propósito, a minha opção. — Juscelino Kubitschek 1902 – 1976

Estivesse JK vivo, veria quão séria é a redução da indústria de transformação no Brasil. Nos anos 80 e 90, no ponto mais alto da industrialização, esse setor representou 35% da produção nacional. Hoje não é nem 12% e está caindo.

O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história, em um período muito curto, e isso é muito preocupante, pois a indústria é um setor estratégico do ponto de vista de geração de novas tecnologias, desenvolvimento regional, crescimento da produtividade e contribuição ao balanço de pagamentos, por exemplo.

O IBGE divulgou em março os dados consolidados referentes ao ano passado. Em 2018, a indústria de transformação contribuiu com apenas 11,3% do PIB do Brasil, sendo este o menor percentual de toda a série histórica, a preços correntes, iniciada em 1947 (conforme gráfico).

Enquanto na China cada 20 unidades monetárias 3 são geradas na indústria, no Brasil esse número foi de 1,13 em 2018. A continuar assim, a participação da Indústria no PIB será de menos de 10% daqui a dois anos, afirmam alguns economistas.

Além dos graves problemas conjunturais, a indústria vive profundo colapso estrutural. É como se ela estivesse parada no caminho de duas locomotivas, a da manufatura asiática liderada pela China e a da nova revolução industrial, compara Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

Sem uma forte ação para frear esse movimento, o Brasil continuará perdendo terreno no mercado internacional, podendo ficar fora da revolução tecnológica que acontece mundo afora. Enquanto o mundo caminha para a Indústria 4.0, o Brasil parece ter parado na Indústria 2.0.

Planejamento, política industrial moderna, reforma tributária, investimentos públicos podem ser caminhos para reverter essa tendência e devolver o crescimento industrial ao país.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]