Engajamento e confiança

Perca dinheiro para a empresa, e eu entenderei. Perca um pingo de reputação, e eu serei implacável. Warren Buffett

As eleições de 2018 no Brasil mostraram a força das mídias sociais, principalmente quando se trata do poder de comunicar às diversas facetas da população.

Uma ferramenta onde já estão as empresas que buscam estar diretamente em contato com seu público, posicionando-se em relação àquelas questões do cotidiano de seus consumidores ou potenciais clientes.

E deve ser utilizada mesmo, cada vez mais. Recente sondagem realizada em 8 países, a Edeman Earned Brand 2018, mostrou que duas a cada três pessoas pagam por um produto motivadas pelo posicionamento da marca sobre temas da sociedade. Foi a quarta edição do levantamento, que foi feito na China, França, Alemanha, Índia, no Japão, Reino Unido, Estados Unidos e no Brasil, entre junho e julho deste ano.

E, por falar em Brasil, o estudo apontou que 69% dos brasileiros decidem se compram ou não de uma marca em virtude de sua posição social ou política. E mais: esse número é 13 pontos percentuais maior que o último estudo, de 2017. Além de ser maior que a média mundial (64%), este crescimento mostra que o brasileiro está a cada dia mais atento ao que pensam os grandes empresários. Na última campanha presidencial observamos alguns posicionando-se claramente para um ou outro lado, o que refletirá sem dúvida na atitude de seus consumidores. Afinal, ao explicitar seu posicionamento político, a empresa inclui mais uma variável na percepção do cliente sobre seus valores.

Além disso, o mesmo estudo apontou que 59% dos entrevistados brasileiros responderam que as empresas têm ideias melhores que o governo para resolver os problemas. E também que fazem amis do que os governos para solucionar questões sociais – 63% responderam com essa afirmativa.

Os consumidores estão depositando nas empresas seus desejos de mudança, disse Marcília Ursini, vice-presidente de Engajamento para Marketing na Edelman. Cada vez mais, as companhias estão indo além de seus negócios tradicionais para se posicionar sobre questões relevantes para elas e seus públicos, seja por meio de um posicionamento consistente, seja pela defesa de questões atuais e do ativismo de causa, concluiu.

Estas últimas questões estão diretamente relacionadas ao nível de confiança no governo, que tem sofrido queda livre em todas as esferas. Outro estudo da mesma organização mostrou que 81% da população acredita que no Brasil, o governo é a instituição mais corrompida, pior que empresas, ONG´s e mídia. Embora em queda, neste quesito as empresas lideram com 41% de credibilidade.

Este descrédito, certamente emerge do ambiente impregnado de escândalos de corrupção, crise política e econômica dos últimos anos. Isso fez o Brasil ser o terceiro país com maior queda do índice de confiança, atrás apenas de Estados Unidos e Itália, dos 28 pesquisados. E, veja só: nestes dois países, reviravoltas nas últimas eleições e maciças campanhas nas redes sociais amplificaram todo tipo de discurso e foram vitais na disputa.

A conquista da confiança é um grande desafio para instituições e organizações. Afinal, votar ou comprar dependem dela.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]