O Coronavirus, a Bolsa, e você

Nos últimos dias, a pandemia virou um pandemônio. Uma confusão. Desde a madrugada até à noite, o tema de todos os noticiários, debates, papos de salão, igrejas, enfim, trata do Covid 19, que atende pela alcunha de Coronavirus. 

Dentro do possível, tentamos acompanhar as notícias, evitar as fake news, e analisar os efeitos econômicos deste fenômeno. 

Tão imprevisível quanto catastrófico, o Coronavirus apresenta uma capacidade de contágio entre 2 e 3 (até agora), enquanto o sarampo, por exemplo, tem nível entre 12 e 18. A maior capacidade do Coronavirus até agora parece ser a capacidade de gerar uma pandemia de medo. Um “efeito manada” que derruba as bolsas, gera correria a supermercados e farmácias e multiplica os problemas. 

Os recentes “circuit breakers” da Bolsa de Valores, por exemplo, tem essa função. A medida, é uma tentativa de conter o pânico no mercado, interrompendo o efeito que geralmente caracteriza momentos de grande incerteza — uma grande quantidade de investidores tentando se desfazer dos papéis ao mesmo tempo.

Quando falo de pandemia de medo, é por conta da incerteza que leva as empresas a adiarem suas decisões, o que, por sua vez, tem impacto sobre emprego e renda. Os empresários seguram seus projetos, e os investidores buscando mercados mais seguros, através do dólar e títulos do Governo Americano por exemplo. 

Os países entram em quarentena, restringindo circulação de mercadorias e pessoas, e isso desaquece as atividades do comércio, da indústria, do turismo. 

A grande dúvida hoje, no aspecto econômico, não é o tamanho do prejuízo, mas quanto tempo vai durar para começar uma recuperação. 

E daí, é importante destacar que, no olho do furacão, existem algumas boas notícias. O professor de microbiologia na Universidade de Navarra, Espanha, Ignacio López-Goñi, em seu artigo publicado no The Conversation em 1/3, destaca 10 boas notícias sobre o Coronavírus, que sintetizo aqui:  

1)    Sabemos quem é: ao contrário do vírus da Aids, que demorou quase 2 anos para ser identificado, os primeiros casos do novo coronavírus foram relatados na China em 31 de dezembro de 2019 e em 7 de janeiro o vírus já havia sido identificado.
2)    Sabemos como detectá-lo: desde 13 de janeiro está disponível para todo o mundo um teste de RT-PCR para detectar o vírus. 
3)    Na China, a situação está melhorando: as fortes medidas de controle e isolamento impostas pela China estão gerando resultado. Há semanas, o número de casos diagnosticados diminui a cada dia.
4)    81% dos casos são leves, ou não causam sintomas
5)    Cura: há 13 vezes mais pacientes curados do que mortos, e a proporção está aumentando.
6)    Quase não afeta menores de idade: apenas 3% dos casos ocorrem em menores de 20 anos e a mortalidade em menores de 40 anos é de apenas 0,2%. 
7)    O vírus é facilmente inativado, com soluções simples e lavagem frequente das mãos. 
8)    Já existem mais de 150 artigos científicos sobre o tema. 
9)    Já existem mais de 8 protótipos de vacinas. 
10)    Existem mais de 80 ensaios clínicos com antivirais em andamento, para tratamento dos já infectados. 

Como vemos, tão importante quanto a informação sobre o vírus e sua prevenção e tratamento, é que sejamos realistas e otimistas, pois o efeito da expectativa pode ser mais devastador do que da própria doença. 

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]