Problema Ambiental me importa?

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Artigo 225, da Constituição Federal

O assunto da hora é a dengue. Em Campo Mourão, apesar de todos os esforços já temos quase 100 casos. Na região, em vários municípios é considerada uma epidemia. A dengue é uma doença que afeta mais de 100 milhões de pessoas por ano no mundo, e é uma das que tem maior impacto na saúde pública no Brasil. 

O controle desta doença é bastante complexo, envolvendo, além do setor saúde, fatores como, infraestrutura das cidades, transporte de pessoas e cargas, o meio ambiente, entre outros.

No quesito meio ambiente, temos tantos outros tantos problemas, como poluição, degradação, desmatamento, uso indiscriminado de defensivos, que me pergunto o quanto as pessoas realmente se preocupam com este tema. 

Porque existe uma grande diferença entre o discurso e a prática. Livia Ribeiro, Engenheira e Educadora Ambiental, publicou um artigo denominado “Por que a maioria das pessoas não se importa com problemas ambientais?” onde diz que o Ministério do Meio Ambiente, em 2012, fez uma pesquisa com a seguinte pergunta: Você concorda que o conforto que o progresso traz para as pessoas é mais importante do que preservar a natureza? Resultado: 82% das pessoas discordaram da frase. Ou seja, no discurso, defendem que a preservação da natureza é importante para elas. 

Livia questiona, em seu artigo, se existem de fato mudanças de comportamento em prol da preservação ambiental? Se reciclamos menos de 5% de nossos resíduos, temos habitantes que descartam seu lixo no meio do canteiro ou na esquina mais próxima, quintais com criadouros de mosquito onde os agentes da dengue são proibidos de entrar, entre tantos exemplos?

A primeira dificuldade é que, em geral, os problemas ambientais não trazem um reflexo imediato – claro, no caso da Dengue isso acontece, mas outros tantos problemas derivados das mudanças climáticas não são percebidos como prioridade. Por exemplo, somente nos importamos com os plásticos nos oceanos quando vemos uma praia cheia de lixo ou um animal sufocado com um canudinho. 

Outro fator é que a população vem se tornando totalmente urbana. Não existe nas novas gerações aquela conexão com a natureza que tínhamos no passado, onde morávamos no sítio, nadávamos no rio, colhíamos frutas no pé… então essa desconexão com a natureza relativiza a necessidade de preservá-la. 

Além dessa desconexão, a ganância, o individualismo, e a publicidade trazem à sociedade valores e comportamentos consumistas, onde priorizamos aquilo que é mais fácil e cômodo. Afinal, é tão mais prático pedir uma refeição delivery e jogar o isopor no lixo, não é? 

São desafios bem complexos, que devemos atacar de frente com educação, compreensão e ações práticas, diminuindo esta distância entre o discurso e prática. Aproximar as pessoas da natureza, investir em tecnologias sustentáveis ou que gerem sustentabilidade.

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]