Uma oportunidade perdida

Se você colhe o que planta, não regue suas ervas daninhas. Mayara Aline

Faltando 6 dias para o primeiro turno das eleições, difícil não falar desta temática. No próximo dia 7, mais de 147 milhões de brasileiros irão votar para escolher seu novo Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.

Na minha modesta opinião, acabamos de perder mais uma importante oportunidade de discutir alternativas para um país com profundas necessidades de mudança.

Em qualquer roda de conversa com pessoas um pouco esclarecidas, é fácil listar as principais expectativas em relação ao futuro de curto prazo do Brasil: como viabilizar um sistema de previdência sustentável, que tipo de sistema tributário seria mais justo e proporcionaria um fôlego para a economia e para as pessoas, como tornar o Estado brasileiro capaz de voltar a investir em áreas como infraestrutura, saúde, segurança, entre outras?

E, apesar de tentar acompanhar um pouco dos programas e reportagens durante a campanha, o que eu vi (talvez tenha perdido algo), foram discussões, acusações, ataques e quase nenhuma profundidade de debate em nenhum desses itens que citei.

Em geral, a própria mídia – não generalizando – contribuiu para isso. Alguns programas e emissoras, por exemplo, promoveram entrevistas com os principais candidatos, até com um bom tempo de duração. Mas, ao invés de questioná-los sobre como fazer o país voltar a andar, passaram quase a totalidade do tempo tentando encontrar alguma incoerência no discurso do candidato, ou alguma acusação referente à sua atuação passada, etc. Projeto para o País? Não obrigado. Vamos falar das coligações, das acusações, das investigações.

E olhem só como o interesse do eleitor vai se afastando: segundo o TSE, o número de jovens eleitores, aqueles que tem o voto facultativo, caiu 14% nestas eleições. Outro dado: segundo o Google Trends, plataforma que demonstra as pesquisas do Google, nos último 7 dias, no tema Principais questões sobre votar, as principais buscas foram, pela ordem: 1) O que é voto útil? 2) Como anular o voto? 3) Como justificar o voto? 4) o que acontece se eu não votar? e 5) o que acontece com o voto nulo?.

Perceba que, ao invés de o eleitor buscar Planos de Governo, ou resposta aos seus anseios através de conhecer seu candidato e suas propostas, o que está fazendo é se ausentar do debate e do interesse. Isso abre um espaço para que o melhor discurso, e não o melhor projeto, ganhe espaço. Pior: cria um sectarismo perigoso.

A eleição 2018 vai resolver os nossos problemas? Não, é claro. Mas não pode agravá-los. E, acredite: com a polarização que parece ter se formado, isso não é tão difícil de acontecer. A menos de uma semana, nos resta torcer para que o eleitor ainda consiga superar sua decepção com a política e fazer as escolhas certas.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]