A Geração Z vai nos salvar?

Tem quem diga que a Geração Z está perdida. Que vive no celular, que troca de emprego como quem troca de camiseta e que tem um ego do tamanho da internet. Mas, será mesmo? Ou será que estamos diante de uma geração que pode – veja só – nos salvar?

Vamos por partes. Se os Baby Boomers sonhavam com estabilidade, casa própria e aposentadoria no final do arco-íris, e a Geração X aprendeu a conciliar o cansaço com a faxina de sábado, os Millennials (ou Geração Y) vieram com o chip da flexibilidade instalado, embora ainda buscassem um lugar ao sol dentro de um sistema tradicional. E aí, quando o mundo parecia girar numa velocidade que ninguém mais conseguia acompanhar… nasceu a Geração Z.

Nascida entre o fim dos anos 1990 e meados de 2010, essa galera cresceu em meio a Wi-Fi, redes sociais, memes e colapsos climáticos. A Z não manda currículo em papel – manda DM. Não tem medo de dizer “não quero esse emprego”, “esse chefe é tóxico” ou “prefiro empreender do meu quarto”. Para muitos, isso soa como preguiça ou falta de comprometimento. Para outros, soa como… liberdade.

No mercado de trabalho, eles não querem só salário. Querem propósito, ambiente saudável, flexibilidade e um aplicativo que resolva a burocracia. Querem ser ouvidos. E mesmo quando parecem distraídos no celular, podem estar fechando uma venda no Instagram ou criando um vídeo que viraliza em minutos. No consumo, são exigentes, sustentáveis, mais conscientes e – pasmem – menos apegados a bens materiais do que seus antecessores.

São apaixonados por autocuidado, alimentação saudável, skincare, yoga e terapia. Preferem pagar mais caro por um produto com impacto social positivo e pensam duas vezes antes de comprar de uma marca que não se posiciona. Por outro lado, há uma contradição curiosa: estão cercados por tecnologia, mas nem sempre se interessam por dominá-la profundamente. Preferem usar a inteligência artificial como uma ferramenta mágica do que entender seus mecanismos ou construir os próximos algoritmos. É uma geração que conversa com o ChatGPT, mas muitas vezes ignora quem o programou.

Claro, nem tudo são flores. A ansiedade aumentou, o imediatismo também. Mas quem pode culpá-los num mundo onde tudo muda o tempo todo, onde a promessa de “trabalhe duro e seja recompensado” não funciona como antes? Eles viram a crise de 2008, a pandemia, o clima dando alerta vermelho e ainda assim, estão criando novos jeitos de viver, produzir e consumir.

Então, voltamos à pergunta: a Geração Z vai nos salvar?
Talvez não tenham essa obrigação, mas se o mundo precisar ser reinventado… eu apostaria neles. E você, aposta também?

Rosinaldo Nunes Cardoso é Administrador, Especialista em Gestão de Pessoas e Estratégias Competitivas, Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo, Inovação e Mercado, e Diretor de Pesquisa e Gestão do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão.