Entre dados, decisões e propósito: o que 2025 nos ensina

Encerrar um ano é mais do que fechar relatórios ou cumprir calendários. É, sobretudo, um exercício de leitura do caminho percorrido. 2025 foi um desses anos que não se mede apenas por entregas imediatas, mas pelo amadurecimento das decisões, pela qualidade dos debates e pela consciência de que planejar uma cidade é, antes de tudo, cuidar de pessoas.

Ao longo deste ano, aprendi, ou reafirmei, que o planejamento público não acontece apenas nos mapas, nos indicadores ou nos dashboards, mas no diálogo permanente entre técnica, escuta e coragem. Cada dado analisado carrega uma história. Cada decisão tomada produz impactos reais no cotidiano da população. É nesse ponto que o papel institucional ganha sentido: quando a estratégia não se distancia da realidade e quando a técnica serve às pessoas, e não o contrário.

2025 também deixou claro que cidades inteligentes não se constroem apenas a partir do poder público. Elas exigem a participação ativa da sociedade civil organizada, das universidades, do setor produtivo, das entidades e das lideranças locais. Inteligência urbana é, acima de tudo, construção coletiva. Sem escuta, sem corresponsabilidade e sem participação social, qualquer estratégia perde força e legitimidade.

Planejar, neste contexto, deixou de ser apenas prever cenários e passou a ser um compromisso contínuo com inteligência, sustentabilidade e pertencimento. Mas esse é, muitas vezes, um trabalho quase invisível. Exige conhecer outras realidades, comparar cenários, aprender com erros e acertos de outras cidades, construir parcerias externas, viajar, dialogar, captar recursos e se conectar a redes nacionais e internacionais. Nem sempre esse esforço é imediatamente compreendido, justamente porque seus resultados, na maioria das vezes, aparecem no médio e no longo prazo.

Por isso, comunicar o planejamento é tão importante quanto planejá-lo. É fundamental que a sociedade compreenda que nem toda política pública gera resultados instantâneos, mas que decisões bem fundamentadas hoje evitam problemas maiores amanhã. Transparência, comunicação e pedagogia do planejamento são partes indissociáveis de uma gestão pública.

Se 2025 deixa uma lição, ela é simples e, ao mesmo tempo, exigente: cidades melhores não nascem do improviso, mas também não se constroem apenas com boas intenções. Elas exigem método, dados confiáveis, visão de longo prazo e, acima de tudo, compromisso público. Exigem gente disposta a fazer o que precisa ser feito, mesmo quando esse não é o caminho mais fácil.

Encerramos o ano com desafios pela frente, mas também com a certeza de que estamos construindo bases sólidas. O futuro não se adivinha, ele se planeja. E planejar é um ato de responsabilidade coletiva, que começa no presente e só se sustenta com a participação ativa da sociedade.

Que 2026 nos encontre com ainda mais clareza, diálogo e propósito. Porque pensar a cidade é, no fim das contas, pensar o amanhã de todos nós. Desejo a todos, um feliz natal e um novo ano cheio de indicadores positivos.

Rosinaldo Nunes Cardoso é Administrador, Especialista em Gestão de Pessoas e Estratégias Competitivas, Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo, Inovação e Mercado, e Diretor de Pesquisa e Gestão do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão.