Finados: Nossa oração aos que partiram antes e vivem na saudade e memória
Reverência, lembrança, saudade daqueles que não estão mais entre nós. O Dia dos Fieis Defuntos, mais conhecido como dia de Finados é celebrado pelos católicos para lembrar daqueles dos fieis defuntos que foram morar na eternidade, e, consequentemente rezar por aqueles que padecem no purgatório.
O Dia de Finados é uma data marcante para sempre, pois, foi nesse dia no ano de 1978 que minha mãe do coração, a dona Lidia Semiguem foi sepultada no Cemitério Jardim da Saudade, no Município de Farol. Fiquei órfão aos 7 anos de idade e cursando a 1ª série do ensino fundamental.
A data é um oportunidade para meditar à respeito do sentido da vida eterna e sobre a morte, compartilhando da lição do prefácio da missa do dia que reza “aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola”.
Finados, pois é dia de olhar para o Cristo ressuscitado e renovar a fé na vida eterna. Viver o dia num misto de tristeza e esperança. Aqui é oportuno esclarecer que a Igreja Católica celebra a Eucaristia “em sufrágio” dos falecidos, ou seja, em favor deles, como intercessão por eles. O Catecismo nos ensina que os católicos não prestam culto aos mortos. A missa é oferecida sempre em homenagem a Deus e “em favor” de alguém, de alguma intenção particular, ou da humanidade inteira e de suas necessidades.
O motivo forte que nos leva a pensar nos falecidos e a recomendá-los a Deus é a nossa fé na vida eterna, firmemente enraizada na Palavra de Deus e nas promessas de Jesus Cristo, Seu Filho.
O dia 2 de novembro, não é para ser um dia triste, mas um dia para olhar para trás e lembrar dos bons momentos que ficaram registrados no coração. Mas também é momento para refletir o que se professa todos os Domingos no Credo: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”. Afinal, o curso natural da vida é a morte. Para os cristãos, essa passagem para a vida eterna, na qual estaremos em plena comunhão com Deus.
Visitar o cemitério para rezar pelas pessoas queridas que nos deixaram, é quase como que fazer uma visita a elas para manifestar, mais uma vez, o nosso carinho, para as sentir próximas, recordar vivências, e expressar cuidado.
O dia de finados deve ser um dia de oração, de homenagem cristã aos nossos entes queridos falecidos, e, também, um dia de reflexão sobre o mistério da morte e da ressurreição que marcam nossas vidas.
Participar desta celebração é um ato de gratidão, caridade e uma consequência da fé. Este é um dia em que nós nos lembramos daqueles que estão na presença de Deus. Para nós, que temos fé, a morte não tem a palavra final.
Na comemoração dos falecidos (Dia de Finados) deste ano, recordaremos de maneira especial todos os que perderam a vida por causa da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). É uma multidão imensa de pessoas queridas, que perdeu a batalha contra o vírus, ainda circulante e a atingir mais pessoas.
Há um motivo a mais para visitarmos o cemitério e os túmulos dos falecidos: porque isso é profundamente pedagógico e nos ensina a viver bem os preciosos dias de nossa vida. Ao visitar o cemitério, é impossível não pensar que, um dia, quando tivermos cumprido a nossa missão, aquele também será o nosso lugar. A morte faz parte da vida, e o importante é dar um significado à vida e à morte enquanto vivemos.
O dia de finados, é dia de reflexão, de saudade e de esperança.
Por fim, a morte tem um valor educativo: ensina o desapego da propriedade privada, iguala e nivela todas as classes sociais, relativiza a ambição e ganância, ensina a fraternidade universal na fragilidade da vida, convida à procriação para eternizar a vida biológica, rompe o apego a circuito fechado entre as pessoas mesmo no matrimônio, leva ao supremo conhecimento de si e oportuniza a decisão máxima e a opção fundamental da pessoa.
Para morrer bem, é preciso viver fazendo o bem: “levaremos a vida que levamos”. O bem é o passaporte para a eternidade feliz e o irmão que ajudamos será o avalista de nossa glória no céu: “Vinde benditos”.
Dai-lhes Senhor o descanso eterno, e a luz perpétua os ilumine.
Descansem em paz. Amém!
GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras.