Mas afinal, cidade inteligente é papel de todos?

Nos últimos anos, o conceito de “cidade inteligente” tem ganhado espaço nos debates sobre o futuro urbano. No entanto, é comum que ele seja confundido com uma ideia meramente tecnológica, como se bastasse encher as ruas de sensores ou desenvolver aplicativos para que uma cidade se tornasse “smart”. A verdade é que o conceito vai muito além disso.

Uma cidade inteligente não é, necessariamente, uma cidade cheia de aparatos tecnológicos. Na essência, trata-se de um modelo de gestão pública estratégica, eficiente e integrada, que utiliza dados e indicadores para melhorar os serviços, promover o desenvolvimento sustentável e, principalmente, colocar o cidadão no centro das decisões. É uma cidade que pensa no presente com responsabilidade e no futuro com planejamento.

Como técnico na área de inovação e desenvolvimento e formador de opinião, afirmo com convicção: não existe cidade inteligente sem a participação ativa da sociedade. Por mais bem planejadas que sejam as ações do poder público, é o cidadão quem dá sentido à inteligência urbana. Isso se reflete no cuidado com o patrimônio público, na responsabilidade ambiental, na forma como nos comportamos no trânsito, na separação do lixo, na preservação dos espaços coletivos e, sobretudo, na participação em discussões que envolvem os rumos da cidade.

Em Campo Mourão, esse entendimento tem ganhado força. O município vem se organizando para buscar a certificação internacional como cidade inteligente, seguindo as diretrizes da norma ISO 37122. Essa norma estabelece indicadores padronizados para monitorar áreas como mobilidade, meio ambiente, educação, segurança, economia e governança. O objetivo não é apenas obter um título, mas implantar uma cultura de planejamento, monitoramento e melhoria contínua, com foco nos resultados que importam para a população.

A condução desse processo está sendo feita de forma responsável e participativa, por meio do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão, que coordena o levantamento de dados, a integração entre secretarias e o diálogo com a sociedade civil. Isso demonstra que não se trata de uma iniciativa isolada da gestão, mas de um projeto coletivo, que exige o envolvimento de todos.

Diante disso, fica o convite à reflexão: que tipo de cidade queremos construir? Se a resposta for uma cidade mais justa, eficiente, acolhedora e sustentável, então devemos reconhecer que esse é um papel compartilhado. Inteligência urbana não se impõe de cima para baixo. Ela nasce da consciência coletiva e da capacidade de agir em rede. Portanto, sim, cidade inteligente é papel de todos – e começa pelas pequenas atitudes do dia a dia.

Rosinaldo Nunes Cardoso é Administrador, Especialista em Gestão de Pessoas e Estratégias Competitivas, Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo, Inovação e Mercado, e Diretor de Pesquisa e Gestão do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão.