Morango do amor: Transforme hype em lucro
Se você ainda não experimentou o tal “morango do amor” ou, ao menos, não esbarrou em dezenas de vídeos sobre ele enquanto rolava o feed, talvez esteja fora do radar do algoritmo — ou do radar do mercado. A sobremesa, que mistura simplicidade e estética instagramável, virou um fenômeno nas redes sociais. Mas, por trás da explosão de likes, filas em confeitarias e morangos cobertos de chocolate, existe uma grande lição para quem empreende: tendências virais são mais do que modinhas — são oportunidades estratégicas para atrair, encantar e manter clientes.
Em tempos em que a atenção do consumidor é disputada segundo a segundo, entender e se apropriar de fenômenos como o morango do amor é quase uma habilidade de sobrevivência empresarial. E aqui não se trata de seguir cegamente o que viraliza, mas de ter sensibilidade para perceber quando um produto se transforma em símbolo cultural temporário — e como esse símbolo pode ser traduzido em valor para o negócio. Lanchonetes, cafeterias e docerias que se anteciparam não só aumentaram as vendas, como se colocaram no centro das conversas. Foram encontradas não apenas por geolocalização, mas por hashtags. E isso tem um valor imenso.

No setor gastronômico, o hype pode (e deve) ser a porta de entrada. Mas o morango do amor precisa vir acompanhado de um cardápio mais robusto de encantamento. É aí que entra a estratégia: não basta vender o produto do momento — é preciso criar a experiência, manter o cliente envolvido, apresentar novas opções e transformar a visita pontual em frequência. O morango atrai, mas é o conjunto da obra que fideliza. Linhas sazonais inspiradas em outras paixões, menus temáticos e ações de engajamento nas redes são formas simples e eficazes de dar continuidade ao encantamento gerado pelo viral.
E se você acha que esse movimento é exclusivo do ramo alimentício, é hora de repensar. Outros setores também podem surfar nessa onda: salões de beleza com hidratações “morango do amor”, lojas de roupas com vitrines temáticas ou campanhas promocionais usando a estética da tendência. Até serviços inusitados, como clínicas odontológicas ou academias, podem se apropriar do momento com criatividade — quem disse que não se pode falar de sorriso branco usando um morango como isca visual? Tudo é questão de narrativa. E de bom humor, claro.
O ponto central é entender que hypes vêm e vão, mas os negócios que sabem dialogar com o momento permanecem. O morango do amor nos ensina que, muitas vezes, o empreendedorismo exige rapidez, sensibilidade e uma pitada de ousadia. O que hoje é febre amanhã pode ser esquecido — mas quem usou bem o calor do momento pode ter conquistado mais do que vendas: conquistou relevância.
Por isso, da próxima vez que um produto viral invadir os stories alheios, não torça o nariz. Observe, pense rápido e pergunte-se: como o meu negócio pode se apropriar dessa onda? Talvez a resposta esteja na sua vitrine, na sua campanha de marketing ou no seu próximo lançamento. E quem sabe, com um pouco de criatividade, o morango do amor vire só o começo de uma história de sucesso duradoura com o seu público.
Rosinaldo Nunes Cardoso é Administrador, Especialista em Gestão de Pessoas e Estratégias Competitivas, Mestre em Administração com foco em Empreendedorismo, Inovação e Mercado, e Diretor de Pesquisa e Gestão do IPPLAN – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Campo Mourão.

