Radicalismo desnecessário

Mais uma vez a cena se repete. Inconformados com medidas consideradas necessárias pela opinião pública, servidores públicos do Paraná promovem a invasão, o vandalismo e o quebra-quebra para protestar contra o que não só se faz urgente, mas caminha para se tornar a única saída saudável para manter as finanças de um Estado inteiro equilibradas. 

Sob a bandeira do corporativismo barato e umbilical, radicais do serviço público se investem do poderio intimidador da massa manobrada tal qual boiada que caminha para o abate para fazer valer somente aquilo que lhe interessa. 

A barbárie de ontem, no Centro Cívico, em Curitiba, mais uma vez patrocinada por sindicatos e associações, não só denotam, mas comprovam que seus líderes, investidos do poder da hipnose corporativa tangem o servidor conforme suas vontades e desejos ou quando tudo isso passa a correr risco.  

O corporativismo não pode vencer a razão. Tampouco o servidor público, que tantos direitos têm, precisa saber entender que, apesar de ter privilégios que a maioria da população não conta, não está acima de ninguém e precisa dar sua contribuição para o bem da sociedade.

Passar em concurso público não é diploma de divindade e também não garante imunidade plena contra medidas não só necessárias, mas legais. Pura demonstração de egoísmo travestido de defesa de direitos. O que os servidores que promoveram a invasão da Assembleia Legislativa e do Palácio Iguaçu querem é ser intangíveis, intocáveis, enquanto a maioria da população paranaense dá sua contribuição sem prejudicar a vida de ninguém, muito menos impedi-los de trabalhar. 

É mais uma demonstração de intolerância e de desprezo pelo processo democrático. Invadiram a Alep para impedir a tramitação do projeto da reforma da previdência do servidor. Do alto do carro de som as lideranças pregaram o fechamento da Assembleia Legislativa, no ato antidemocrático imperdoável sob qualquer aspecto.

Falam em golpe, em governos ilegítimos, mas pregam o caos.

Imaginam-se melhores que o resto dos brasileiros? Estes que tiveram as regras da aposentadoria modificadas, mas entenderam que é necessário o sacrifício de cada um para o bem de todos. 

O Paraná gasta R$ 6,3 bilhões dos impostos para cobrir a insuficiência financeira da previdência do funcionalismo. O valor é maior que o orçamento da saúde (5,4 bilhões) e da segurança (4,3 bilhões) E vai ultrapassar o da educação (8,2 bilhões).

É necessário parar com a sangria dos recursos públicos para beneficiar uma categoria em detrimento do resto da população. Somos 11 milhões de paranaenses e é para eles que o “servidor” deve olhar.

A aposentadoria é um direito, mas sem reforma perde-se o direito, porque não haverá dinheiro para bancar os benefícios. É difícil compreender isso?