Setembro: o mês da bíblia, a palavra inspirada por Deus
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça. Para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra”. II Timóteo 3:16, 17
Setembro é o mês da Bíblia. Este mês foi escolhido pela Igreja porque no dia 30 de setembro é dia de São Jerônimo (ele nasceu no ano de 340 e faleceu em 420 dC). São Jerônimo foi um grande biblista e foi ele quem traduziu a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim, que naquela época era a língua falada no mundo e usada na liturgia da Igreja.
A Palavra de Deus deve estar cotidianamente presente na vida dos cristãos. A Bíblia é a fonte dessa palavra, evidenciada com destaque durante o mês de setembro através de algum tema sugestivo para a reflexão. Neste ano de 2021 o escolhido foi o Livro das Cartas de São Paulo aos Gálatas, com o lema, “pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28), um verdadeiro convite para a prática da unidade e solidariedade comunitária dentre os cristãos.
A Carta aos Gálatas, além dos fortes traços teológicos e doutrinais, é uma das melhores reflexões bíblicas sobre a liberdade humana e a força libertadora da fé em Jesus Cristo. A partir do Batismo e do revestimento de Cristo, todos somos “filhos de Deus” em unidade.
Por ocasião dos 50 anos do Mês da Bíblia, inclusive, celebrados neste ano, a CNBB lançou um selo especial para a comemoração. Nesse jubileu de ouro o lema extraído do hino batismal descrito em Gl 3,26-28, quando Paulo afirma que somos todos filhos e filhas do mesmo Deus, está em sintonia com o evangelho do domingo da Palavra de Deus, que é retirado de marcos 1,14-20, quando Jesus inicia sua missão, após a prisão de João Batista.
O mês tornou-se referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961, pelo papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais.
O objetivo do mês da Biblía, é infundir no povo a convicção de que a Palavra de Deus é, por excelência, o livro que deve ser inserido na vida de cada pessoa. Fazer com que as famílias sintam necessidade de ter uma Bíblia em casa e incentivar a reunião das comunidades para o estudo e a vivência da Palavra de Deus. A centralidade da Palavra de Deus tem impulsionado a vida e a ação evangelizadora da nossa Igreja. A redescoberta da Sagrada Escritura e o seu uso constante por todas as Igrejas Cristãs no Brasil tem sido muito significativo para o processo e crescimento da experiência da fé das comunidades espalhadas pelo nosso imenso país.
Leia-a para ser sábio, creia nela para estar seguro e pratique-a para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustê-lo, e consolo para animá-lo. É o mapa do viajor, o cajado do Peregrino, a bússola do piloto, a espada do soldado e o mapa do Cristão. Por ela o Paraíso é restaurado, os céus abertos e as portas do inferno descobertas.
CRISTO é o seu grande tema, nosso bem o seu intento, e a glória de Deus a sua finalidade. Deve encher a mente, governar o coração e guiar os pés. Leia-a lenta e frequentemente e em oração. É uma mina de riqueza, um paraíso de glória e um rio de prazer. É-lhe dada em vida, será aberta no dia do julgamento e lembrada para sempre. Ela envolve a mais alta responsabilidade, recompensará o mais árduo labor e condenará a todos quanto menosprezarem o seu sagrado conteúdo.
Na Bíblia encontramos textos para as diversas situações da vida. Ela ajuda a fortalecer a nossa fé; é útil na nossa formação, nos momentos de crises e dificuldades, na dor, na doença ou na alegria… Para todas as realidades encontramos textos apropriados.
Na verdade, todo mês devia ser Mês da Bíblia; todo dia devia ser Dia da Bíblia. Por isso, a Bíblia não pode ser apenas um ornamento em nossa casa. A Palavra de Deus deve ser o nosso alimento de cada dia e buscar nela o sustento para a nossa vida.
A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação à nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Sagrada Escritura. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus.
Ao lê-la, não devemos nos esquecer de que Cristo é o ápice da revelação de Deus. Ele é a Palavra viva de Deus. Todas as palavras da Sagrada Escritura têm seu sentido definitivo n’Ele, porque é no mistério de Sua Morte e Ressurreição que o plano de Deus Pai para a nossa salvação se cumpre plenamente.
A Bíblia não é uma coleção de livros literários. Aliás, muito mais do que isto, porque é fruto de práticas comunitárias com marcas históricas milenares e reconhecidas como de inspiração divina com a contribuição dos limites de seus escritores. A Palavra de Deus articula fé e vida, porque une a ação de Deus e a prática da vida das pessoas.
Celebrarmos este jubileu do mês da Bíblia é muito importante para fortalecer a animação bíblica, o estudo, a reflexão e a oração a partir da Bíblia em toda a Igreja no Brasil. Entre seus objetivos estão o de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia, na ação evangelizadora da Igreja, criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
Termino lembrando um texto bonito de São Paulo: “Tudo o que se escreveu no passado foi para o nosso ensinamento que foi escrito, afim de que, pela perseverança e consolação, que nos dão as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). Que neste mês da Bíblia, a Palavra que vem da boca de Deus nos anime, dê força e coragem e com isso sejamos cristãos da Esperança!
GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras