Abrigo para meninos pede ajuda para manter atendimento

No início da semana o pastor Rubens Carlos dos Santos, presidente do Abrigo A Mão Cooperadora, de Campo Mourão, usou a tribuna livre da Câmara de Vereadores. Ele pediu o uso do espaço para expor a grave situação financeira que ameaça, inclusive, a continuidade do trabalho da entidade, que atualmente abriga 10 adolescentes do sexo masculino, entre 12 e 17 anos, em situação de vulnerabilidade social.

Com uma despesa anual em torno de R$ 100 mil e déficit mensal que passa de R$ 10 mil, este ano o abrigo ainda não recebeu recursos do governo federal. Estamos nos comparando a um paciente na UTI respirando por aparelhos. Precisamos de ajuda, conclamou o pastor, ao lembrar que a situação é a mesma de outras entidades assistenciais da cidade, como Lar dos Idosos, CTR e Lar Dom Bosco.

O pastor frisa que o trabalho das entidades supre uma demanda que seria responsabilidade do poder público. O governo federal ainda não sinalizou sobre a liberação de recursos, que há mais de oito anos não tem reajuste e as despesas só aumentam, argumenta. A Mão Cooperadora também recebe recursos do Estado e do município, mas pela lei necessita manter uma equipe técnica, hoje composta por oito funcionários. Não temos secretária, nem zeladora, nem pedagoga para ajudar no reforço escolar dos meninos, revela.

Com repasses escassos do poder público, cada vez mais a entidade depende de doações da comunidade. Mas as pessoas também estão cansadas de ajudar, pois todas as entidades estão fazendo promoções frequentes, como bazares, rifas, etc. A crise atinge a todos e as pessoas também estão sem dinheiro, observa o pastor, que costuma utilizar o próprio carro a serviço do abrigo. Temos o carro do abrigo, adquirido com recursos do FIA, mas acabamos não usando por falta de recursos para manutenção e combustível, comenta.

O TRABALHO

O Abrigo A Mão Cooperadora, ligada à Igreja de Deus no Brasil, foi fundado em 1993, pelo pastor Lúcio Freire e inaugurada oficialmente em 1996. O trabalho consiste em acolher adolescentes em situação de risco social, levados pelo Conselho Tutelar ou encaminhados pela Justiça.

O tempo limite para ficar no abrigo é de três meses, mas muitos ficam até anos, admite o pastor, ao acrescentar que no local eles recebem apoio espiritual e assistência social. Procuramos fazer um trabalho para que tenham um ambiente o mais parecido possível que teriam na família, explica. Além de estudarem, eles ajudam nas tarefas domésticas e a maioria está incluída no Programa Adolescente Aprendiz.

Para deixar o lar, uma equipe técnica analisa e comunica ao Poder Judiciário, que vai marcar uma audiência e decidir sobre a possibilidade de retorno ao convívio familiar. Na semana passada um deles retornou para o lar. Quando isso não é possível continua na entidade. Temos um que perdeu todo o vínculo em razão do falecimento dos pais e desinteresse de demais familiares e entrou na lista de adoção, relata o pastor.

Também há casos, segundo ele, em que o jovem fica no abrigo até alcançar autonomia. Recentemente tivemos um jovem que saiu daqui com 19 anos, conseguimos ajudá-lo a alugar uma casa e agora está querendo prestar concurso para a Polícia Militar, disse o pastor.

AJUDA DA COMUNIDADE

Das várias formas de colaborações da sociedade, os adolescentes do Abrigo também podem ser ajudados pelo programa de Apadrinhamento, lançado recentemente pela Vara da Infância e Juventude. Já temos um padrinho para um dos garotos daqui, revela o pastor, ao enaltecer a iniciativa do Poder Judiciário.

Em Campo Mourão a iniciativa de adesão ao programa foi do juiz diretor do Fórum, Edson Jacobucci. E no domingo, o próprio magistrado levou os meninos do Abrigo para ver o jogo entre a seleção de Campo Mourão x Corinthians, pela Liga Nacional de Futsal, no Ginásio Belin Carolo. Eles ficaram muito contentes e só temos que parabenizar essa iniciativa do doutor Edson, completa o pastor.

Interessados em colaborar com o abrigo poderão fazer doações de alimentos, roupas ou mesmo em dinheiro. A Mão Cooperadora fica na Rua São Paulo, 836, esquina com a Avenida João Bento, centro.