Dengue avança na região e deixa municípios em estado de alerta

O avanço de casos de dengue na Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam) está deixando a região em alerta contra a doença. De acordo com o boletim epidemiológico da dengue, divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), são 331 casos confirmados e 1.674 notificações feitas na região do início do ano até agora.

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, mais duas cidades da região entraram na lista das que estão em epidemia de dengue no Paraná: Peabiru e Quinta do Sol. Moreira Sales também está na lista, foi a primeira cidade da região e entrar nesta condição.

A epidemia é confirmada depois que a cidade aponta, proporcionalmente, mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Peabiru, com 14.144 habitantes, tem 58 casos confirmados da doença, enquanto Quinta do Sol, com 4.985 moradores, registra 18 casos. Moreira Sales, que já havia sido declarado com epidemia tem 88 pessoas com dengue para uma população de 12.709. Em alerta estão outros 41 municípios paranaenses; estes registram mais de 100 casos por 100 mil habitantes.

Os municípios da Comcam com casos confirmados, de acordo com a Sesa, são: Araruna (1); Barbosa Ferraz (1); Boa Esperança (1); Campina da Lagoa (7); Campo Mourão (94); Engenheiro Beltrão (9); Fênix (6); Goioerê (27); Janiópolis (3); Mamborê (4); Moreira Sales (88); Peabiru (58); Quinta do Sol (18); Terra Boa (6); e Ubiratã (8).

O chefe da 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão, Eurivelton Wagner Siqueira, comentou que equipes da regional estão acompanhando a situação nos municípios intensificando as ações de combate e treinamento das equipes das cidades. Estamos a todo momento dando instruções aos municípios e fazendo busca ativa deste pessoal para treinamentos, falou.

Segundo ele, toda população deve estar envolvida no combate à dengue. Eu costumo dizer que o melhor combate contra o mosquito é uma vassoura. A população tem que toda semana retirar um tempo para fazer a limpeza do seu quintal, ressaltou ao comentar que os criadouros do mosquito Aedes aegypti estão em sua maioria nos quintais das residências.

De acordo com dados, 80% dos focos de mosquitos se formam nos quintais e dentro das residências, principalmente nos recipientes que acumulam água parada. A orientação à população é eliminar os focos para o controle da dengue.

O vírus é transmitido pelo Aedes aegypti, que transmite também a febre amarela, chikungunya, e zika vírus. Uma das principais preocupações dos municípios é que a infestação do mosquito continua alta na região, mesmo com a queda das temperaturas nos últimos dias. Para conter a proliferação do mosquito, os municípios vêm fazendo diariamente os trabalhos rotineiros de campo como tratamento e eliminação de focos, bloqueios nas regiões onde há casos suspeitos ou confirmados, além da conscientização da população com orientações sobre a doença.

Situação no PR

O informe epidemiológico da semana aponta 8.158 casos confirmados de dengue no Paraná. São 1.386 a mais que na semana anterior, que apresentou 6.772 casos confirmados. Os casos autóctones, contraídos na própria cidade de residência, são 7.869. Ao todo, são 35 municípios em situação de epidemia da doença no Paraná

Cuidados

A população deve limpar os quintais todas as semanas, para evitar acúmulo de lixo que possa juntar água. Vasos de plantas também podem conter ovos ou larvas de mosquitos. Os criadouros estão em qualquer acúmulo de água parada, por menor que seja, até em tampinhas de garrafa. Mas são encontrados com maior frequência em lixo, como resíduos plásticos, espalhados pelas ruas. É preciso atuar ativamente mantendo quintais limpos, sem acúmulo de lixo, pneus, garrafas, por exemplo; calhas, marquises e ralos.

Os pratos das plantas podem ser completados com areia grossa até as bordas ou ser lavados com água, bucha e sabão todas as semanas, para eliminar ovos do mosquito. Locais de armazenamento de água devem ser mantidos com tampas.

 

Favorecimento à proliferação da dengue

gerou R$ 86,6 mil em multas em três anos

A Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Mourão aplicou, em três anos, R$ 86,6 mil em multas a moradores da cidade que apesar de notificados não tomaram nenhuma providência para eliminar criadouros ou focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças. Entre os anos de 2016, 2017 e 2018 foram 70 processos julgados pela Vigilância, que resultaram na aplicação de multas e advertências.

Segundo o presidente do Comitê Gestor da Dengue, Carlos Bezerra, dos 70 processos, 31 foram condenados e pagaram um total de R$ 26,4 mil em multas. Os outros 39 (que totalizam R$ 60,2 mil) estão em débito que podem ser cobrados pelo município pela via judicial. Ainda temos 49 processos para serem julgados, disse Bezerra. Na área da Vigilância Sanitária há outros 9 processos a serem julgados.

Além da multa aplicada pelo município, o processo é encaminhado para o Ministério Público, que também pode aplicar penalidades. É importante as pessoas saberem que trata-se de crime contra a saúde pública e isso não é brincadeira, reforça Bezerra, ao lembrar que a cidade corre risco de ter uma epidemia de dengue.

Além da multa, o crime pode ser punido ainda com advertência ou prestação de serviços comunitários. O número de punições poderia ser ainda maior se tivéssemos mais estrutura para isso, observa Bezerra. Isso porque, até ser julgado, o processo demora no mínimo seis meses, com amplo direito de defesa à pessoa notificada. A partir da notificação feita pelo agente de endemias ele tem cinco dias para eliminar o foco ou criadouro. E felizmente a maioria elimina o problema, relata.

Quem não regulariza a situação recebe uma nova notificação e o caso é passado para a Vigilância Ambiental ou Sanitária, conforme a natureza do problema. Persistindo o problema, é expedido um auto de infração e o dono do imóvel tem 15 dias para apresentar defesa. O valor da multa varia de R$ 140,00 a R$ 14 mil. Além da condição financeira, leva-se em conta ainda o grau de risco à sociedade que a situação do imóvel oferece, complementa.

Os valores arrecadados com as multas são utilizados nos programas de combate a dengue pelo município. Recicladores, ferro velhos, desmanches e até oficinas mecânicas lideram o ranking das multas.