Deputado Rubens Bueno diz que governo Bolsonaro ainda “patina”

O que dizer da atuação do primeiro semestre de trabalho do governo Bolsonaro? Na avaliação do deputado federal Rubens Bueno (Cidadania), o governo ainda patina, principalmente no que se refere a definição de prioridades. Fora a reforma da Previdência, que acabou andando devido ao comprometimento do Congresso com relação ao tema, o governo pouco apresentou, pondera o parlamentar em entrevista à TRIBUNA. 

Para Bueno, a articulação política também é deficiente e temas polêmicos, que não trazem ganho mais efetivo para o país, também atrapalham. Cito aqui a questão do decreto das armas e as alterações na legislação de trânsito que, a meu ver, trazem retrocessos. O foco central hoje para o país é a recuperação da economia, a geração de emprego e a capacidade da retomada de investimentos, acrescenta.

A expectativa do deputado, é que com a aprovação da Reforma da Previdência, sejam discutidas as medidas econômicas capazes de promover uma recuperação do país. Temos a reforma tributária em discussão, que já é um passo. Mas, por enquanto, não enxergamos uma atuação mais decisiva do governo nessa área, completou. A seguir, respostas na íntegra de alguns questionamentos:

1 – Qual sua avaliação sobre essa aprovação da reforma em primeiro turno? 

Demos um passo importante para iniciar o processo de reequilíbrio fiscal no país. A adoção de uma idade mínima para aposentadoria, por exemplo, é essencial para que o governo consiga planejar com mais exatidão os recursos que terá que reservar para gerir a Previdência. Outro ponto positivo é que a reforma vale para todos. Ao longo do tempo, com o estabelecimento de aposentadorias especiais, chegamos a situações de pessoas que se aposentavam com muito e trabalhavam pouco. Agora, com a reforma, conseguimos combater isso. Também mantivemos as regras para a aposentadoria rural e para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que atendem justamente aquelas pessoas que ganham menos. O governo chegou a propor regras mais rígidas para a concessão desses benefícios, mas conseguimos alterar o texto e garantir a manutenção de uma aposentadoria justa. 

2 – Não teve pontos negativos? 

Houve a aprovação de algumas regras especiais para policiais, por exemplo, que não estavam previstas no texto, mas acabou passando. Mas, no geral, trata-se de uma reforma bem ampla, que vai possibilitar a recuperação da Previdência e afastar o risco de que num futuro próximo o país ficasse sem recursos para pagar as aposentadorias.

3 – Pelos debates nas redes sociais, o senhor acha que as pessoas estão conseguindo compreender essa reforma?

Há uma compreensão de que a reforma é necessária e que busca adotar uma regra comum para a grande parte dos brasileiros. Alguns pontos mais técnicos, como as regras de transição, ainda não são bem compreendidos por parte da população. Isso ainda demandará algum tempo. Mas os pontos centrais, que compreendem a idade mínima e o tempo de contribuição, já estão bem claros entre as pessoas.

4 – Alguns que votaram contra dizem que entre os deputados que votaram a favor estão os que não abriram mão da aposentadoria especial e, nesse caso, estão defendendo que apenas os outros se sacrifiquem. O senhor abriu mão da aposentadoria especial?

 Não existe aposentadoria especial. A reforma que aprovamos estabelece para os políticos a mesma regra que será adotada para os demais trabalhadores. Ou seja, uma aposentadoria que pode atingir no máximo o teto que é pago pela Previdência. Ocorre que os parlamentares, assim como outras categorias, possuem um plano de previdência complementar. Quem quer se aposentar com um salário acima do teto da Previdência contribui mais ao longo dos anos para no futuro receber uma aposentadoria maior. Isso ocorre com diversas categorias. Não se trata de aposentadoria especial. É um plano de previdência complementar.

5 – Sua opinião sobre a possibilidade do filho do presidente da República se tornar embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

Vejo como um erro. O posto de embaixador requer toda uma preparação que o filho do presidente ainda não tem. O fato de ter proximidade com a família do presidente Trump não é um requisito que, por si só, dê as credenciais necessárias para a nomeação de Eduardo Bolsonaro. Me parece mais um capricho do presidente, que poderia ser evitado. Não é a nomeação de seu filho como embaixador que fará diferença nas relações entre o Brasil e os Estados Unidos. O ideal, nesses casos, seria a nomeação de um diplomata de carreira com larga experiência. O Brasil é um dos países mais respeitados no mundo pelo grau de excelência na carreira diplomática.