Maracujá muda realidade na região de Corumbataí do Sul
A cultura do maracujá definitivamente mudou a vida de mais de 800 famílias na região de Corumbataí do Sul e projetou a cidade no cenário nacional. O cultivo da fruta proporciona fonte e renda para a agricultura familiar, predominante na localidade, evitando principalmente o êxodo rural. Com a iniciativa, pequenos produtores se organizaram e criaram a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Corumbataí do Sul (Coaprocor), para deixar o negócio mais rentável e fortalecer o pequeno agricultor. A potencialização da cooperativa estabeleceu importantes parcerias com a Natura Cosméticos, Governo Federal, entre outros órgãos. A região vive uma nova história.
Corumbataí do Sul é hoje a maior produtora de maracujá no Estado do Paraná. Produz anualmente, algo em torno de 1,6 mil toneladas da fruta. Metade é industrializada e outra segue para o mercado in natura. Somada, a área de plantio de todos os associados, que abrange 20 municípios, chega a cerca de 400 hectares, uma produtividade estimada em cerca de 1,5 milhão de quilos. O maracujá veio para transformar a vida dos agricultores familiares, reconheceu Carlos Alves, produtor e associado da Coaprocor.
Alves comentou que existem várias vilas rurais na região em que a maioria das famílias cultiva o maracujá. Na vila rural de Barbosa Ferraz, por exemplo, disse ele, de 35 famílias, 30 produzem a fruta. O produtor informou que já houve vários casos de jovens que moravam em grandes centros retornarem ao município para ajudar a família na produção.
Walter Pereira/Tribuna do Interior |
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De acordo com o produtor Carlos Alves (foto), cada safra de maracujá movimenta mais de R$ 2 milhões na região |
De acordo com Alves, cada safra de maracujá movimenta mais de R$ 2 milhões na região. Ele explica que a Coaprocor, atualmente com 800 associados, se caracteriza pela agricultura familiar. A cooperativa conta também com indústria de processamento. Além do maracujá, a Coaprocor industrializa uma diversidade de frutas que possibilita uma diversificação na pequena propriedade e garante maior renda aos produtores.
Parcerias garantem sucesso no campo e dinheiro no bolso
As parcerias da Coaprocor têm garantido aos pequenos agricultores sucesso no campo e dinheiro no bolso. A cooperativa entrega atualmente para mais de 425 escolas do Estado, por meio dos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa de Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal, cerca de 300 toneladas de maracujá em polpa.
Além do maracujá, as portas estão se abrindo também a outras frutas, como acerola convencional e orgânica. Para se ter ideia, somente de acerola orgânica os produtores entregam mais de 90 toneladas por mês às escolas. São entregues ainda outras 134 toneladas de outros tipos de frutas como, caqui, laranja, e abacate.
Parceria com a Natura
Outra importante parceria tem sido com a Natura Cosméticos, uma das maiores empresas do ramo do país. Segundo informações, a sociedade funciona há seis anos. Cerca de 50 toneladas em sementes de maracujá para fabricação de cosméticos são destinadas à empresa anualmente, o que possibilita um aumento na renda dos produtores e fortalecimento da cooperativa.
Além disso, a empresa mantém a política de promover a comunidade, por exemplo: lançou vários lotes informando o local de produção da matéria prima utilizada na fabricação dos produtos. Isso possibilita a promoção da região de Corumbataí do Sul. O nome da nossa cooperativa e da cidade são impressos nos fracos e embalagens de sabonetes, explicou Alves.
Se não fosse o maracujá já tinha deixado o campo, diz produtor
Sítio São João, distante 5 quilômetros de Corumbataí do Sul. É lá que vive o produtor de maracujá Altemiro Ferreira, 61. Na propriedade de 5 alqueires ele divide a terra também com o cultivo de café. Ferreira cuida de 750 pés de maracujá. A cada safra colhe em torno de 20 toneladas. Ele garante que a fruta é o que ainda o mantém no sítio. Se não fosse o maracujá já tinha deixado o campo, falou.
Walter Pereira/Tribuna do Interior |
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Olavo mantém uma diversificação de frutas em sua propriedade |
Ferreira cultiva a fruta há sete anos. Segundo ele, o custo benefício compensa já que não são necessários muitos investimentos. A fruta gera ao agricultor uma renda livre de R$ 1,2 mil por mês. A minha renda pode ser mensal e até semanal, comentou. De acordo com ele são utilizadas técnicas orgânicas no cultivo para evitar ao máximo o uso de agrotóxicos.
A safra do maracujá está a todo vapor. A colheita iniciou em dezembro e segue até agosto. Os preços no mercado, segundo produtores, estão animadores. Este ano, devido a crise de mercado e seca na Bahia, uma das maiores regiões produtoras do país, o preço é considerado o melhor nos últimos 12 anos. Para a indústria, a tonelada está sendo comercializada em média R$ 1,2 mil. Já para mercado, R$ 1,5 mil a tonelada da fruta in natura.
Justamente esta valorização que também anima o produtor Olavo Aparecido Luciano, 44. Ele tem 15 alqueires de terra na comunidade Água da Catarina, distante 11 quilômetros de Corumbataí do Sul. Na propriedade mantém uma diversificação de frutas: maracujá, caqui, uva, figo, e laranja.
Apesar da variedade, o destaque é para o maracujá. Luciano mantém 1 mil pés da fruta, produz anualmente mais de 25 toneladas. O produtor disse que opta pela variedade para garantir renda o ano todo. A diversificação é o que nos segura no campo, ressaltou. De acordo com ele, devido à mão de obra familiar, os investimentos são mínimos, o que torna a cultura rentável.
Walter Pereira/Tribuna do Interior |
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Não fosse o maracujá, Altemiro disse que já teria deixado o campo |
Este ano, o único contratempo dos produtores, segundo Luciano, é que devido às chuvas a safra foi prejudicada. O tempo úmido favorece o surgimento de doenças. Em sua propriedade ele estima uma perda de 30% da safra. A sorte é que o preço deve compensar, disse aliviado.
Luciano atribui o sucesso com a cultura de maracujá na região ao associativismo. Segundo ele, além da Coaprocor contar com indústria para processamento de frutas, que dá condição de preços melhorados ao produtor, é responsável também por colocar a produção no cenário nacional. O produtor vê sua produção deste o plantio a industrialização. A cooperativa dá todo um suporte, observou.
Maracujá surge após crise do café
De acordo com informações, o maracujá ganhou os campos da região após a decadência do preço do café em todo o Estado, cultura até então predominante na região de Corumbataí do Sul. Devido a crise nos preços do produto, a Aprocor, Associação dos Produtores de Corumbataí do Sul, foi fundada em 1997 na tentativa de o pequeno produtos encontrar uma saída para continuar no campo.
Devido à crise de mercado, seca, chuvas de granizo, principalmente depois da geada, o produtor tinha que ter uma alternativa de renda. Então Emater, Município e Aprocor, em parceria buscaram alternativas que culminou no cultivo do maracujá, comentou o produtor Carlos Alves.
Segundo ele, a fruta se adaptou bem às condições do município e a produção passou a crescer rapidamente se espalhando para municípios vizinhos. Foi aí que surgiu há cerca de 12 anos a Coaprocor. Foram anos de lutas e de muitas parcerias que possibilitou o surgimento da cooperativa, ressaltou.