‘Eu não vou deixar o nosso estado na mão’, diz Moro, ao comentar possível candidatura ao Governo do PR
Cumprindo agenda da caravana pelo Paraná, o senador da República e ex-juiz federal Sergio Moro (União-PR) visitou Campo Mourão nesse domingo (13) e participou do último dia da 30ª Festa Nacional do Carneiro no Buraco, acompanhado da esposa, a deputada federal Rosângela Moro. Em entrevista à TRIBUNA, ele falou sobre a possível candidatura ao Governo do Paraná em 2026 e avaliou a atuação do governo federal.
Segundo o senador, em respeito à população, sua prioridade para este ano é o Senado, por isso, não “bateu o martelo” sobre a possível candidatura ao Governo do Paraná. “Eu vou tomar essa decisão mais adiante”, afirmou. Ainda assim, ele deixou em aberto a possibilidade. “Eu não vou deixar o nosso estado na mão”, disse, acrescentando também a intenção em contribuir para “um salto no desenvolvimento que o Paraná merece”.
Mesmo sem definir sua atuação no cenário político estadual para 2026, o político aparece na liderança das intenções de voto para o Governo do Paraná. Conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado na semana passada, ele figura em primeiro lugar na corrida eleitoral pelo Executivo estadual.
Nos três cenários estimulados sobre a situação eleitoral para o primeiro turno, o senador aparece com mais de 38% das intenções de voto do eleitorado. Segundo o Instituto, o levantamento levou em consideração a opinião de 1.540 pessoas em 62 municípios do Paraná, em pesquisa realizada de 3 a 6 de julho.
À TRIBUNA, o parlamentar comentou que está avaliando como o quadro será definido. Campo Mourão é a segunda cidade paranaense visitada por ele desde que a caravana iniciou. “O Paraná é essa grande potência, a gente precisa circular e conversar com as pessoas”, ponderou. O senador permanece no município nesta segunda-feira (14), cumprindo agenda até, pelo menos, o início da tarde.
Cenário nacional
No cenário brasileiro, o senador, que se posiciona declaradamente como oposição ao PT, avaliou o governo Lula como um “desastre”. “Nós temos que virar a página do governo do PT”, disse. “Sou oposição a esse governo, a gente tem buscado evitar o pior e pontualmente a gente tem conseguido várias conquistas”, afirmou.
Entre as atuações dele enquanto senador, Moro destacou a defesa do setor produtivo, em especial, o agro, votando a favor do marco temporal indígena. “Fui relator recentemente para suspender um decreto que demarcava terras indígenas, mas é um arrepio do marco temporal, então, a gente tem defendido o nosso Brasil”, falou.
O chamado marco temporal trata-se da tese jurídica que limita o direito de demarcação de terras indígenas apenas às áreas que eram ocupadas pelos povos originários em 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal.
Em outros momentos, o senador já havia defendido que fazer essa limitação protege proprietários rurais e municípios de possíveis perdas de terras já ocupadas, tituladas ou produtivas, que poderiam ser alvo de reivindicações posteriores por parte de comunidades indígenas, caso o marco não seja respeitado.
De acordo com o portal Agência Brasil, em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a tese do marco temporal como inconstitucional, por violar o Artigo 231 da Constituição, que define os direitos indígenas como “originários”, anteriores ao Estado brasileiro.
Já a Advocacia-Geral da União (AGU) e o governo federal reforçam que não deve ser reaberta. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas criticam a tese por ignorar direitos originários e agravar conflitos. Atualmente, o debate segue em uma comissão no STF, com possíveis alterações à lei que instituiu o marco temporal.
Outro ponto debatido pelo senador foi sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele é uma das lideranças no Senado que têm se posicionado contra o aumento do IOF. “Ninguém aguenta mais imposto, essas tributações”, analisou.
Essa discussão iniciou em maio deste ano, quando o governo federal editou um decreto que aumentou as alíquotas do IOF em diversas operações, como crédito a pessoas jurídicas e empresas, câmbio e gastos no exterior, seguros e previdência privada. Conforme a Agência Brasil, a justificativa do governo era reforçar as receitas para cumprir a meta de superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, projetando arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões no próximo ano.
Moro defende que essa medida vai prejudicar a economia do país. “A gente está com essa ameaça das tarifas, que vai prejudicar a nossa economia, tem que sentar na mesa de negociação e tentar reverter isso aí”, declarou.
Em avaliação geral da atuação do governo Lula, Moro destacou: “Os maiores desafios do Brasil são essa hostilidade do governo federal em relação ao setor privado, esse desejo de aumentar tributo, de aumentar imposto, que ninguém aguenta, e não controlam as contas públicas. Isso tem gerado endividamento das nossas contas públicas, que vai comprometer o nosso futuro. Paralelamente, a gente tem visto o crescimento da criminalidade. O crime organizado hoje é uma ameaça ao Brasil inteiro, às nossas instituições, às nossas pessoas, e a gente não vê uma política consistente do governo federal de enfrentamento”, analisou.
Participação no Carneiro no Buraco
Moro chegou ao Parque de Exposições Getúlio Ferrari no início da tarde desse domingo (13), último dia do evento. A festa, aberta ao público, com entrada gratuita e vasta programação, foi aberta na quinta-feira (10). Ele elogiou a retomada do evento e seu impacto econômico e turístico para a região. “A festa é muito famosa, é bom que tenha sido retomada”, expressou, ao destacar a movimentação turística e gastronômica que iniciativas como essa fomentam para a cidade.
A deputada federal Rosângela Moro, que já participou do formato oficial em outros anos, também avaliou a festa. “É sempre uma alegria ver, além do aspecto gastronômico, a diversão da população, o encontro aqui com autoridades e lideranças”, disse ela.
Também integrando a comitiva de Moro, esteve o deputado estadual Mauro Moraes, que estava prestes a provar o prato típico de Campo Mourão pela primeira vez quando falou com a TRIBUNA, demonstrando altas expectativas diante da fama do prato. “Nós vamos voltar mais vezes ainda, porque a fama é grande”, informou.
Outras figuras políticas também marcaram presença nos quatro dias. No domingo, não foi diferente. Entre elas, os deputados estaduais Leônidas Fávero Neto e Alexandre Curi, além do deputado federal Beto Richa e do ex-deputado federal Rubens Bueno. Compareceram, ainda, os secretários estaduais Márcio Nunes (Agricultura e Abastecimento) e Beto Preto (Saúde), que também saborearam o tradicional Carneiro no Buraco.

