Comunidades ucranianas preservam tradição de visitas com cânticos após o Natal na região
As comunidades ucranianas da região seguem mantendo viva, ano após ano, a tradição de visitar as residências das famílias após o Natal, cantando canções natalinas conhecidas como kolyadky (koliada). Em Roncador, um dos exemplos dessa prática é a atuação dos membros da Igreja Nossa Senhora do Patrocínio, na comunidade rural do Rio Formoso.
Neste ano, um grupo formado por 12 adultos e cinco crianças e adolescentes passou pelas residências de aproximadamente 46 famílias nas comunidades do Rio Formoso, Aterrado Alto, Mosquiteiro e Santo Antônio logo no dia seguinte ao Natal, na sexta-feira (26). De acordo com a presidente da igreja, Amélia Liss Kosteski, a tradição no local é preservada há mais de 60 anos, quando a comunidade foi fundada.
Na área urbana de Roncador, não foi diferente, e um grupo da Paróquia São Nicolau também percorreu várias regiões da cidade para atender às famílias. O padre Estefano Wonsik, da Ordem de São Basílio Magno (OSBM), explicou o sentido dessa prática. “Mais do que música, a koliada é um ato de fé e comunhão: quem canta anuncia Cristo; quem acolhe, acolhe o próprio Senhor. Por isso, na tradição ucraniana, abrir a porta aos cantores é sinal de acolher a bênção de Deus no lar”, disse.

Os cânticos, em geral, em língua ucraniana, mas também em português, para as famílias que desejarem, são feitos “ao vivo” pelas crianças, jovens e adultos que visitam as casas. A escolha da música pode ficar por conta dos anfitriões ou do próprio grupo, que pode fazer sugestões. “Essas canções anunciam o nascimento de Cristo, louvam a Sagrada Família e desejam bênçãos, paz, saúde e prosperidade à família visitada”, comentou o religioso.
O padre também explicou que, sempre que os cantores visitam as famílias, uma mensagem com desejos natalinos é transmitida. No caso da visita do grupo da comunidade do Rio Formoso à propriedade dos produtores rurais Pedro Kalinovski e Lúcia Zavadovski, no Aterrado Alto, ambos descendentes de famílias ucranianas, a mensagem em ucraniano foi feita por Izabely Sanches Liss, de 11 anos.
Amélia ressaltou que um dos motivos de incentivar as crianças e os jovens, filhos dos próprios membros do grupo, a participarem desses momentos desde cedo é para que eles tenham interesse em continuar mantendo a tradição na comunidade.
O padre Estefano lembrou que, em geral, todas as comunidades descendentes de ucranianos preservam essa tradição de cantar nas famílias, especialmente nos municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Em Campo Mourão, a tradição também permanece com o grupo de jovens da Paróquia Santíssima Trindade.
Conforme um dos membros, Vanderlei Smaha de Oliveira, este ano, aproximadamente 10 membros da igreja de Rito Bizantino Ucraniano no município foram a cerca de 250 casas dos paroquianos, tanto na área rural quanto urbana. Ele falou que a tradição é cultivada há muitos anos em Campo Mourão, tendo sido retomada em 2012.

Oliveira também comentou que antigamente as famílias costumavam acolher o grupo oferecendo comidas e bebidas tradicionais, o que é mantido ainda por várias famílias. “Atualmente, é comum algumas famílias fazerem uma doação espontânea em dinheiro, valor simbólico, em agradecimento pela passagem dos cantores”, falou.
O valor arrecadado é utilizado para ações da Pastoral da Juventude, como Coral em Língua Portuguesa, envio e participação em retiros, gincanas regionais da Eparquia Imaculada Conceição, assim como em colaboração com melhorias e necessidades paroquiais.
O pároco, padre Deonisio Mazur, OSBM, parabenizou os jovens por continuarem preservando a herança cultural ucraniana. “Parabéns a todos vocês pelo vosso esforço, sacrifício e dedicação em levar a Boa Nova através dos nossos cantos natalinos e juntamente com as nossas famílias celebrar a vinda do Menino Deus. Deus abençoe a todos”, expressou.

