Manejo integrado permite produção de soja sem agrotóxicos em Peabiru

oura com anotação imediata em uma caderneta de campo, cujas informações serão repassadas para planilha eletrônica denominada de Manejo.app. Com o crescimento inicial das plantas de soja, entra em ação o pano de batida, com monitoramentos semanais até o final da fase reprodutiva da soja.

A tecnologia MIP incorporada na rotina da propriedade, juntamente com o uso de cultivares resistentes ao ataque de lagartas, proporcionou ao produtor a eliminação do uso dos inseticidas na propriedade nas últimas quatro safras.

O segredo é estar semanalmente caminhando e monitorando a lavoura, inclusive mais de uma vez na semana, se necessário. “Quando a quantidade do inseto praga atingir o nível de controle preconizado pela pesquisa, o produtor faz o controle químico; se não atingir o nível de controle, não faz o controle químico.”

Houve momentos em que a população de pragas chegou muito próximo do ponto crítico para execução do controle com pulverização. Porém a técnica, aliada à experiência e ao domínio do produtor e orientação do IDR, possibilitou a decisão segura por não fazer uso de inseticida.

Um exemplo dessa safra foi o registro da população de percevejo marrom, que chegou a 1,8 percevejos por metro linear, próximo ao recomendado como nível de controle, ou seja, 2 percevejos. No entanto, com tranquilidade, o produtor acompanhou a situação com nova batida de pano a cada três dias, e a constatação foi o declínio da população em função do parasitismo dos “inimigos naturais”, também monitorados no MIP.

Com quatro safras sem inseticidas, a novidade no ciclo 2024/2025 foi a não utilização de fungicidas para o controle de doenças. Isso foi possível graças ao MID, através da instalação de um coletor de esporos na área, com acompanhamento semanal da presença de esporos da ferrugem asiática, bem como atenção aos demais 18 coletores instalados na região, além da avaliação foliar na lavoura.

Após a chegada de esporos na região, a avaliação através de microscópio passa a ser realizada duas vezes por semana. Como o produtor já tem experiência de MID, também é realizada coleta de esporos nas folhas da soja a partir da fase de canivete, o que agrega ainda mais segurança na tomada de decisão.

Além da presença de esporos da ferrugem, ou mesmo sintomas de outras doenças, outro ponto importante considerado é a condição climática favorável ou não ao desenvolvimento de doenças. Nessa safra, Drager optou por não fazer o controle químico, mesmo com a comprovação da doença na lavoura, uma vez que o clima muito seco era prejudicial não somente à lavoura, mas também à disseminação da doença.

Apesar de a produtividade ter sido de 117 sacas por alqueire, Drager está satisfeito com as práticas de manejo adotadas, pois protegeram a lavoura de pragas e doenças; para ele, o resultado menor não se deve à estiagem

A pergunta que fica é: e a produtividade? Realmente, a produtividade não foi considerada boa, ou seja, 117 sacas por alqueire. Contudo, o produtor está satisfeito com as tecnologias MIP e MID, pois tem a certeza de que o resultado não ocorreu devido ao ataque de pragas e ocorrência de doenças, mas sim em função da estiagem aliada à alta intolerância da cultivar plantada para falta de chuvas.

Em uma pequena parte da lavoura, foi utilizada outra cultivar, mais tolerante à seca, e o resultado foi o equivalente à 160 sacas por alqueire. Também contribui para essa conclusão o fato de vizinhos terem colhido uma média de 120 sacas por alqueire, porém utilizando duas pulverizações de inseticidas e duas de fungicidas. Portanto, o agricultor colheu com um menor custo de produção.

A tecnologia MIP já é utilizada há 12 anos no trabalho em unidades de referência tecnológica em todo o Paraná, com publicações anuais dos resultados em uma parceria entre IDR-Paraná e Embrapa, com potencial de redução de 53% no uso de inseticida. Já o MID replica resultados positivos em nove safras, também com publicações anuais em parceria com a Embrapa, com potencial de redução de 37% no uso de fungicidas.

O objetivo do MIP e do MID não é eliminar o uso do controle químico, uma vez que grandes áreas de cultivo favorecem a ocorrência de pragas e doenças. A intenção é proporcionar aos agricultores critérios técnicos na tomada de decisão pelo uso de agrotóxico, utilizando-os somente quando necessário. Portanto, para uma produção mais sustentável de soja, a atitude necessária aos produtores é o caminhar e monitorar semanalmente suas lavouras.