O enigma do Peabiru: meio século de uma busca que pode reescrever a história da América

Quarenta e cinco anos atrás, um jovem executivo recém-chegado a Joinville não imaginava que seu destino se entrelaçaria a um dos maiores mistérios arqueológicos do continente. Era 1979. O cargo era na Indústria de Refrigeração Consul, em Pirabeiraba, aos pés do Monte Crista, em Garuva. O caminho que serpenteava a montanha era chamado pelos locais de “trilha dos jesuítas”. Para Isaque Borba, então, não passava disso: um atalho antigo. Hoje, quase meio século depois, ele o reconhece como a porta de entrada para uma pesquisa que o levou a percorrer arquivos da Igreja, cartas jesuíticas, mapas coloniais e a questionar a própria narrativa oficial sobre a presença cristã na América.

Do “caminho de jesuíta” ao Peabiru

O estalo veio em 1987, durante uma conversa com o colega Luís Galdino. A hipótese lançada por ele mudaria tudo: aquele caminho poderia ser o lendário Peabiru, rota que o conquistador espanhol Cabeza de Vaca teria seguido séculos antes. Borba mergulhou então nos estudos do historiador Ernâni Donato, pioneiro no tema e responsável por dar ao Peabiru sua primeira credibilidade acadêmica. Com Donato, produziu em 2005 o documentário Pay Tumé, ainda hoje disponível no YouTube.

A pista de São Tomé

O Peabiru abriu caminho para um enigma maior. Borba voltou-se ao chamado “Caminho de São Tomé”, presente em relatos de cronistas e missionários. A investigação o levou à literatura cristã primitiva. Da monumental História Eclesiástica, escrita em 350 d.C. por Eusébio de Cesareia, às escrituras apócrifas e às cartas dos chamados Pais da Igreja, a hipótese ganhou contornos ousados: seria possível que o apóstolo Tomé tivesse visitado as Américas?

Os jesuítas e o mistério dos índios cristãos

A resposta começou a emergir das cartas jesuíticas da América. Mais de 20 missionários relataram sinais da passagem de Tomé: inscrições em pedras, símbolos orientais e tradições orais indígenas que mencionavam nomes preservados ao longo de milênios — Tomás, Engélico e João Crisóstomo.
Os missionários ficaram perplexos: ao chegarem, encontraram povos que já conheciam histórias bíblicas, praticavam jejuns, respeitavam a cruz e tinham noção da Trindade. “Era como se alguém tivesse passado por aqui muito antes de nós”, escreveram.

O erro dos pesquisadores modernos

Borba critica a busca contemporânea por “trilhas engramadas originais” do Peabiru. “Nenhum caminho resiste intacto por 500 anos sem uso”, alerta. Para ele, a prova não está na superfície, mas nos mapas antigos, nas obras dos engenheiros coloniais e nos trechos abandonados em serras íngremes. O resultado dessa metodologia é o Atlas do Peabiru, obra em construção que confronta cartografia do século XVIII com remanescentes de caminhos pavimentados em pedra bruta.

Uma rede estratégica continental

Na visão de Borba, o Peabiru não era uma trilha improvisada. Era uma rede viária calculada com precisão geográfica, semelhante às estradas romanas. O trecho paranaense, eixo central da rota, representava a menor distância entre o Paraguai e o Atlântico. Ao norte, havia rios caudalosos e pantanal. Ao sul, o frio intenso. “Era uma engenharia estratégica e ancestral”, resume.

Meio século de pesquisa

Após mais de cinco décadas de investigação, 28 livros publicados e uma vida dedicada a perseguir as marcas desse caminho, Isaque Borba lança agora “Peabiru / Caminho de São Tomé”. O livro reúne anos de pesquisa documental e confronta tradições orais, relatos missionários e mapas coloniais com a hipótese ousada: a de que São Tomé pode ter deixado sua marca na América muito antes da chegada dos europeus.

Serviço

📖 Livro: Peabiru / Caminho de São Tomé
✍️ Autor: Isaque Borba
💰 Preço: R$ 38,00
📦 Envio simples pelos Correios: R$ 11,00
🔑 Chave Pix: CNPJ 46.615.617/0001-12 (Solange da Silva Borba Corrêa)
📱 Peça já: (47) 9919-8186