Projeto ‘Sanear’ leva educação ambiental e soluções sustentáveis para Nova Cantu
Promover saúde preventiva, proteger recursos naturais e levar conhecimento técnico-científico à área rural: esses são alguns dos pilares do projeto Sanear, uma iniciativa desenvolvida por professores e acadêmicos da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Campo Mourão, e financiada pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio do programa Universidade Sem Fronteiras.
Coordenado pelos professores Jefferson Crispim, do colegiado de Geografia, e Eloisa Paula de Oliveira, do colegiado de Administração, o projeto busca fomentar a execução de políticas públicas voltadas ao saneamento básico em comunidades rurais.
Em Nova Cantu, por exemplo, as ações são desenvolvidas em parceria com a prefeitura municipal, sob a articulação do prefeito Airton Agnolin, o qual destacou a relevância da parceria. “O projeto é de suma importância”, destacou o gestor.
“Essas ‘fossas’ rurais são de suma importância, viabilizando que cada produtor tenha a sua fossa própria, com baixo custo, e o município pronto para fazer uma parceria com a comunidade, para colaborar com o meio ambiente para que esses dejetos humanos não caiam nos córregos e em lugares indevidos”, disse.
Agnolin enfatizou o compromisso da administração em integrar conhecimento técnico e ações práticas. “A nossa equipe está acompanhando para aprender e continuar a desenvolver esse projeto aqui em Nova Cantu”, complementou, ao ressaltar que o município também já conta com programas de lacramento de minas, com mais de 40 delas já fechadas, a fim de evitar acidentes, a contaminação do solo e da água, além de preservar o meio ambiente.
Proteção de nascentes
No último fim de semana, o projeto realizou uma atividade prática de proteção de nascentes no Assentamento José Arnaldo dos Santos, envolvendo estudantes de Geografia e moradores da comunidade. Três nascentes foram protegidas por meio da técnica solo-cimento, método que utiliza pedras e uma argamassa especial para preservar a qualidade da água.
Jorge Lima, morador do assentamento em que as nascentes abastecem a comunidade há mais de uma década, reconhece os benefícios da ação. Para ele, a “mina lacrada”, como a técnica é conhecida entre os agricultores da localidade, possui grande importância no fornecimento de água de qualidade para sua família e para sua criação da vaca de leite e suínos, além de ajudar o meio ambiente.
De acordo com Crispim, as ações do Sanear estão diretamente alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente o ODS 6, que visa assegurar o acesso à água potável e ao saneamento básico.
Conforme destacou o docente, a relevância da iniciativa também está relacionada ao combate a doenças associadas à água contaminada. “Um grande número de doenças tem sua transmissão vinculada à má qualidade da água, ocasionado muitas vezes pelo descaso com a preservação dos recursos hídricos, e projetos ambientais são formas eficazes de sensibilizar as pessoas”, explicou.
Durante as atividades, os agricultores receberam orientações sobre as etapas de recuperação da nascente, que incluem a limpeza do entorno, retirada de raízes e sedimentos, instalação de tubulação adequada e cobertura com a mistura de solo e cimento.
Após a proteção, a nascente deixa de sofrer influência externa, e os moradores são instruídos a realizar mensalmente a aplicação de hipoclorito de sódio pela tubulação de desinfecção, com o objetivo de garantir a potabilidade da água. “Os trabalhos de recuperação e proteção de nascentes apresentam excelentes resultados socioambientais e os agricultores recebem capacitação para manutenção e preservação da fonte hídrica”, afirmou Crispim.
Além da recuperação de nascentes, o projeto prevê a implantação de técnicas ecológicas para o tratamento de esgoto nas áreas rurais, contribuindo para o fortalecimento da saúde ambiental e da qualidade de vida dos agricultores. Novas atividades estão programadas para ocorrer no município em breve.