Saúde alerta população para o risco de acidentes com animais peçonhentos

Com o aumento das temperaturas e o retorno das chuvas, cresce também o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e cobras. A 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão alerta a população sobre os cuidados para evitar esse tipo de ocorrência, comum nesta época do ano.

O biólogo Reginaldo Leal Blanc, da Vigilância Ambiental da 11ª Regional, explica que o calor e a umidade tornam esses animais mais ativos, aumentando o contato com pessoas, tanto em áreas urbanas quanto rurais.

“Neste período, com temperaturas mais elevadas e maior quantidade de chuvas, esses animais estão mais em contato com as pessoas. Em Campo Mourão, os acidentes mais comuns envolvem escorpiões, principalmente dentro das residências, e serpentes, nas áreas rurais ou periféricas da cidade”, destacou Blanc.

Acidentes com abelhas

Além dos escorpiões e das serpentes, são frequentes também os acidentes com abelhas, consideradas animais peçonhentos. No entanto, não existe soro específico para este tipo de veneno, e o tratamento é definido por orientação médica.

Blanc orienta que, ao encontrar uma colmeia, o morador deve entrar em contato com o órgão ambiental para remoção segura. Ele também recomenda evitar roupas coloridas e perfumes fortes ao entrar em áreas de mata, pois podem atrair esses insetos.

Cuidados em casa

Para evitar acidentes, o biólogo ressaltou que a principal recomendação é evitar o acúmulo de materiais e entulhos, que servem de abrigo para os animais. “Tijolos, telhas, galhos e vegetação alta são locais ideais para o esconderijo de escorpiões e também atraem insetos, que são seu alimento”, explicou.

Entre os cuidados no ambiente doméstico, ele orienta manter portas e ralos bem vedados, usar soleiras emborrachadas e telas nas janelas, especialmente em paredes ásperas, por onde os escorpiões conseguem subir. Outra recomendação é bater calçados e roupas antes de usar e não encostar a cama nas paredes, prevenindo o acesso desses animais durante a noite.

Área rural

Na área rural, Blanc reforça o uso de equipamentos de proteção, como luvas de raspa e botas de cano alto, especialmente durante atividades em locais com vegetação ou materiais acumulados.

Em caso de acidente, o biólogo orienta que o paciente procure imediatamente uma unidade de saúde. “Não se deve aplicar remédios caseiros, fazer torniquete ou usar produtos como café. O correto é lavar o local com água e sabão e buscar atendimento médico o quanto antes”, enfatizou Blanc.

Ele acrescentou que o ideal é registrar uma foto do animal para auxiliar na identificação da espécie e na aplicação do soro específico. Na região de Campo Mourão, informou, os soros são armazenados de forma estratégica na sede da 11ª Regional de Saúde e em Goioerê, município que também apresenta alto número de casos.

Os atendimentos seguem orientação do CIATox, centro de referência localizado em Maringá. Ou seja, quando o paciente chega à uma unidade de saúde, a equipe médica entra em contato com o centro, que baseado nas informações repassadas vai definir se há necessidade ou não da administração de soro. Caso haja necessidade, a unidade de saúde onde o paciente deu entrada faz contato com o plantão da Regional de Saúde para a liberação do medicamento.

Tipos de soros

Para serpentes, a Regional de Saúde dispõe de três tipos de soros antiofídicos, que são: um específico para cobra coral, outro para jararaca e outro para cascavel. “São três tipos de soro. Então, por isso é importante identificar o bicho que ocasionou o acidente para usar aquele soro específico para promover a cura do paciente”, ressaltou. Já em relação ao escorpião, trata-se de um outro soro específico, o antiescorpiônico. “Reforçando que a melhor forma é evitar o acidente. Mas, se acontecer, o atendimento rápido e o uso correto do soro garantem a recuperação do paciente”, ressaltou Blanc.

O que são animais peçonhentos

Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno (peçonha) e possuem mecanismos naturais para injetá-lo, como dentes modificados, ferrões, aguilhões ou cerdas urticantes. Entre os principais animais que causam acidentes no Brasil estão:

  • Serpentes

  • Escorpiões

  • Aranhas

  • Mariposas e lagartas (lepidópteros)

  • Abelhas, vespas e formigas (himenópteros)

  • Besouros (coleópteros)

  • Lacraias (quilópodes)

  • Peixes e águas-vivas (cnidários)

Como prevenir acidentes com animais peçonhentos

Medidas gerais de prevenção:

  • Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem.

  • Examinar roupas e calçados antes de usá-los.

  • Manter camas afastadas das paredes e evitar pendurar roupas fora do armário.

  • Evitar acúmulo de entulhos, lixo e materiais de construção.

  • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros e cantos de parede.

  • Vedar frestas e buracos em paredes, forros e rodapés.

  • Utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos.

  • Manter gramados e terrenos limpos.

  • Controlar roedores e insetos, principalmente baratas, que servem de alimento a escorpiões.

Orientações específicas

Ao trabalhador rural:

  • Usar EPI (luvas, botas, perneiras) em toda atividade de risco.

  • Observar atentamente o local de trabalho e o caminho a percorrer.

  • Não colocar as mãos em tocas, buracos, montes de lenha ou pedras.

  • Usar ferramentas (enxada, foice) ao mexer nesses locais.

À população em geral:

  • Não acumular lixo e entulho próximo às casas.

  • Evitar acampamentos e piqueniques em áreas de mata ou margens de rios.

  • Afastar plantas e trepadeiras das paredes das residências.

  • Caso encontre um animal peçonhento, não o toque nem tente capturá-lo — procure a Vigilância Sanitária local. Animais maiores, como serpentes, é importante entrar em contato com o órgão ambiental.

O que fazer em caso de acidente?

  • Procure atendimento médico imediatamente.

  • Informe ao profissional de saúde o tipo, cor e tamanho do animal, se possível.

  • Lave o local com água e sabão (exceto acidentes com águas-vivas).

  • Mantenha o membro afetado elevado e em repouso.

  • Não amarre (torniquete) o local nem aplique substâncias caseiras.

  • Não tente sugar o veneno.